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Regras da UE ameaçam biodiesel de soja


BiodieselBR.com - 01 jun 2011 - 09:36 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:16

O biodiesel produzido a partir da soja enfrenta uma grande barreira com as exigências do padrão de sustentabilidade e de práticas trabalhistas da União Européia (UE). Essa situação é altamente prejudicial às ambições dos produtores brasileiros de entrar no mercado europeu, uma vez que mais de 80% do biodiesel produzido no país deriva dessa matéria-prima.

As regras foram estabelecidas pela Diretriz de Energia Renovável da UE 2009 que estão, gradualmente, entrando em vigor nos países membros da comunidade européia. Aos poucos, os atuais exportadores de biodiesel estão começando a sentir o peso desse golpe.

As regras estabelecem parâmetros para o que pode ou não ser considerado energia renovável. A principal barreira que o biodiesel de soja terá que superar para poder participar do mercado europeu será convencer os europeus que o balanço de carbono é favorável.

De acordo com a legislação, só podem ser considerados sustentáveis de verdade os biocombustíveis que emitirem 35% menos gases de efeito estufa (GEEs) do que seus equivalentes fósseis. Isso coloca em pauta o balanço de carbono das matérias-primas utilizadas na sua produção – ou seja, todo o gás carbônico emitido durante o plantio, colheita e processamento da matéria-prima deverá ser levado em conta. Em tese, a exigência de um balanço de carbono mais favorável evita que áreas de floresta nativa sejam desmatadas para a produção de biocombustíveis.

É precisamente nesse ponto que a soja entra em apuros. Nas contas dos técnicos da UE, o biodiesel de soja emite 31% menos GEEs do que o diesel comum sem diferenciar em que ponto do globo essa soja foi plantada. Bem abaixo dos 38% calculados para a colza ou os 51% obtidos pelo girassol, por exemplo. Para piorar, em 2017 a exigência deverá subir para 50%. Na prática, essa decisão proíbe a exportação de biodiesel de soja para a Europa, o que pode causar transtornos para as indústrias dos Estados Unidos e Argentina.

"Eles estão querendo mandar na nossa forma de operar, e nós não gostamos do precedente que isso abre" disse Steve Wellman, vice-presidente da Associação Americana de Soja (ASA na sigla em inglês) ao jornal DesMoines Register.

Outra exigência polêmica é a da “rastreabilidade”. Ou seja, os exportadores deverão ter a capacidade de traçar o histórico completo de uma carga de biodiesel até as fazendas que produziram a matéria-prima utilizada. Embora ainda tenha ares de novidade, a rastreabilidade vem sendo cada vez mais exigida por clientes da área governamental e privada. Grandes cadeias de supermercados no Brasil já adotam esquemas semelhantes para suas compras de carnes.

As usinas de biodiesel e a indústrias da soja norte-americanas estão liderando a fila dos descontentes. Há tempos eles andam se estranhando com os europeus por conta da interminável disputa criada em função dos subsídios que o governo dos Estados Unidos oferece aos produtores de biodiesel. Com as novas regras eles temem ser ainda mais marginalizados dentro do maior mercado consumidor do produto.

Desde o ano passado agricultores dos Estados Unidos estão tentando convencer os europeus de que seu produto atende às normas, sem muito sucesso. O porta-voz da Comissão Européia em Washington, Kasper Zeuthen, garantiu que futuras revisões levarão em conta dados fornecidos pelos governos dos Estados Unidos e da Argentina.

Leia a Diretriz de Energia Renovável na íntegra.

Fábio Rodrigues - BiodieselBR.com