Produtores de biodiesel espanhóis e argentinos trocam acusações

Já há algum tempo os produtores de biodiesel argentinos e espanhóis vêm se estranhando. A temperatura do debate acaba de subir mais um grau agora que a principal entidade representativa do setor de combustíveis renováveis da Espanha – a Asociacion de Productores de Energias Renovables (APPA) – entrou em campo reclamando do que considera “pressões intoleráveis” do governo de Buenos Aires contra o programa que cria cotas de mercado para os produtores locais de biodiesel. Segundo a organização, a medida é necessária para proteger seus associados das exportações argentinas.

Nas contas do grupo, a Espanha importou 825 mil toneladas de biodiesel no ano passado, três quartos desse volume vieram da Argentina e da Indonésia. Isso representa quase 60% da demanda espanhola por biodiesel. Desde que o biodiesel importado começou a entrar no mercado, as usinas locais começaram a perder espaço e hoje estão com 85% de capacidade ociosa. Em março passado o governo espanhol aumentou a mistura mínima de biodiesel de 5,8% para 7%, mesmo assim o produto importado continua ganhando mercado.

No entender da APPA, os exportadores de biodiesel da Argentina se beneficiam de tarifas preferenciais que lhes garante uma vantagem injusta sobre os produtores locais. Enquanto os agricultores argentinos precisam pagar 32% de impostos de exportação para mandar sua soja em grão para o exterior, as taxas que incidem sobre as vendas externas de biodiesel são de apenas 20%. A medida incentivou as empresas Argentinas a industrializarem localmente seus grãos.

“Seria inacreditável ver o governo espanhol se dobrando à pressão e chantagem justamente do país que  causou esta crise, sacrificando o indústria espanhola de biodiesel”, criticou o presidente da APPA, Alfonso Ausín, em comunicado oficial da entidade. “Não estamos pedindo ao governo medidas protecionistas, apenas que não permita a competição desleal dentro do mercado espanhol. Os governos de outros países europeus entenderam isso há anos”, completa.

O documento distribuído pela APPA compara a situação atual com as disputas, já antigas, entre União Europeia e Estados Unidos. Há anos os países europeus vêm protestando contra os subsídios oferecidos por Washington às exportações de biodiesel.  Desde 2009, a UE vem taxando as exportações norte-americanas em até € 409 por tonelada.

Segundo a APPA países como a França, a Bélgica, Portugal, Grécia e Itália já aprovaram medidas semelhantes.

Resposta
Segundo o jornal portenho Urgente24.com, as acusações mexeram com os brios dos associados da Câmara Argentina de Biocombustíveis (Carbio) que prometeu uma “reposta enérgica” a seus pares dos outro lado do Atlântico.

Os produtores de biodiesel do país vizinho venderam mais de US$ 500 milhões à Espanha em 2010.

Tradução e adaptação BiodieselBR
Com informações de Platts e Urgente24.com