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[Conferência 2011] As matérias-primas do biodiesel em 2020


BiodieselBR.com - 31 out 2011 - 21:33 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:18

O chefe-geral da Embrapa Agroenergia, Manoel Teixeira de Souza Júnior, fez um pequeno exercício de futurologia na palestra “As matérias-primas do biodiesel em 2020”, na qual apresentou ao público o que há de mais recente ou avançado em pesquisa de alternativas para a produção de biodiesel.

“No Brasil nós temos uma grande estrela que é a soja. Ela tem mais de 80% da produção de óleo vegetal para biodiesel. Ainda precisamos de muita inovação para que outras oleaginosas se viabilizem como estrelas coadjuvantes nesse mercado”, resumiu o palestrante.

Segundo ele, as alternativas podem ser divididas em três grupos em função de contarem ou não com um pacote tecnológico desenvolvido e um sistema de logística bem equacionado. A soja ocupa sozinha o topo da pirâmide. No segundo grupo aparecem a palma de óleo, o girassol, a canola e o amendoim, que contam com pacotes tecnológicos definidos, mas não gozam dos benefícios de terem uma logística de produção tão bem amarrada. Na rabeira vem o grupo das oleaginosas sequer bem domesticadas, como o pinhão-manso e a macaúba.

Segundo o pesquisador, o girassol é uma das alternativas mais bem desenvolvidas. Na década de 1980, essa cultura foi alvo pesquisas no contexto do Programa de Mobilização Energética criado durante a Crise do Petróleo para tentar encontrar alternativas renováveis. Mas como todos os outros programas do período – com exceção do Pró-Álcool –, a pesquisa do girassol também acabou engavetada e só foi resgatada em 2006 com a retomada do interesse no biodiesel. “Temos uma rede de avaliação de materiais de girassol, mas a produtividade ainda está bem aquém do que é registrado em outros países. Temos um caminho longo a avançar”, resumiu Teixeira.

Outra oleaginosa alternativa que está quase lá é a canola. Embora tenha sido desenvolvido fora do país, o pacote tecnológico vem sendo internalizado e adaptado. A planta responde por robustos 15% do mercado global de óleos vegetais e está entre as quatro que contam com maior pacote de engenharia genética. De acordo com o palestrante, a Embrapa vem trabalhando para divulgar mais informações sobre essa cultura e para tropicalizá-la. Quem sabe no futuro será possível ter plantio de canola em regiões como o Nordeste e Centro-Oeste.

Entre os achados mais recentes estão a constatação de que, se alternada com trigo, a canola é bastante eficiente na redução de doenças radiculares e foliares da triticultura. “Ela ajuda na produtividade de outra cultura importante”, resumiu.

Mesmo com seu desenvolvimento em estágio embrionário, a macaúba se destaca entre as alternativas pesquisadas pela Embrapa. Trata-se de uma planta nacional com ocorrência em praticamente todo o território brasileiro e apta a crescer em grande variedade de solos. De acordo com Teixeira, o que mais empolga é que a planta produz 4 mil quilos de óleo por hectare, tem grande rusticidade e não precisa ser adaptada às condições do clima brasileiro. Fora isso ela se permite sistemas de extrativismo sustentável, pois já conta com uma boa área plantada que pode ser aproveitada em sistemas agroflorestais.

No momento o maior gargalo é a falta de cultivares comerciais da macaúba, cujo desenvolvimento esbarra no fato de ela ser uma planta de ciclo longo, demorando entre 3 e 4 anos para começar a produzir.

Para Teixeira, o pinhão-manso foi de estrela em ascensão a frustração do setor de biodiesel. Nos primeiros tempos do PNPB, a cultura foi vendida para os agricultores como se já estivesse com seu pacote tecnológico totalmente desenvolvido, o que simplesmente não era verdade. “Essa planta ainda não está domesticada”, relatou o pesquisador, ressaltando que os avanços estão chegando.

A Embrapa já possui um banco de germoplasma do pinhão-manso e está desenvolvendo novas variedades da planta. “No banco de germoplasma temos conseguido avanços importantes na produção de cultivares. Vamos conseguir colocar variedades melhores no mercado”, disse. Além do melhoramento genético, os pesquisadores também estão aprendendo mais sobre o manejo da planta.

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Fábio Rodrigues - BiodieselBR.com

Tags: C2011