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INT e IME desenvolvem bioquerosene com processo único


BiodieselBR.com - 03 jun 2011 - 06:52 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:16

Um grupo de pesquisadores do Instituto Nacional de Tecnologia (INT) e do Instituto Militar de Engenharia (IME) estão com dois pedidos de patente relacionados a um processo para a produção de bioquerosene de aviação em análise no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). A busca por uma alternativa renovável ao querosene de aviação, derivado do petróleo, tem movimentado uma série de iniciativas de pesquisas mundo afora e foi incluída num acordo de cooperação entre Brasil e Estados Unidos.

A tecnologia desenvolvida pela parceria entre INT e IME consegue aproveitar biomassa que sobra como refugo de processos industriais de outras cadeias produtivas de grande volume. Segundo o chefe da Divisão de Catálise do INT, Marco Fraga, o bioquerosene poderia ser fabricado, por exemplo, com as cascas de frutos cítricos descartadas pela indústria de suco de laranja e com as cascas dos troncos de eucalipto processados pela indústria de papel e celulose.

“A particularidade de nosso processo é que podemos utilizar derivados de biomassa associados a outras cadeias industriais de produção de grande volume para produzir nosso bioquerosene em grande escala”, diz o pesquisador. Ele acrescenta que se forem levados em conta os números da produção da indústria nacional de sucos de 2009, haveria matéria-prima disponível para atender algo entre 3% a 4% da demanda nacional de combustíveis de aviação naquele mesmo período.

Considerando que o consumo de querosene de aviação em 2009 ficou em 5,4 bilhões de litros – dos quais 1,2 bilhão precisou ser importado –, estamos falando de um volume na casa dos 200 milhões de litros. “E tem outros setores comercialmente importantes dos quais também poderíamos aproveitar a biomassa”, anima-se Fraga.

O novo processo foi criado como conseqüência das pesquisas desenvolvidas durante o trabalho de doutorado do IME, Flávio dos Reis Gonçalves, orientado pelo professor Luiz Eduardo Pizarro Borges (IME) e que contou com co-orientação do pesquisador do INT.

A ideia é que o bioquerosene desenvolvido pela equipe seja misturado ao querosene de aviação convencional mais ou menos da mesma forma como vem sendo feito com o biodiesel. Segundo o pesquisador, testes feitos em nível de bancada demonstraram que é possível trabalhar com blends entre 20% e 30% sem se desviar das rigorosas especificações que ANP exige para o querosene de aviação.

De acordo com Fraga, o próximo passo é conseguir apoio para que sejam feitos testes de bancada em turbinas ou viagens experimentais em aviões para averiguar de que forma o novo biocombustível se comporta em condições reais de uso. “Na verdade, nós já temos manifestações de interesse feitas por alguns atores da área de aviação. Estamos conversando para viabilizar a segunda fase de testes”, finaliza.

Fábio Rodrigues - BiodieselBR.com