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Indústria europeia de biodiesel encolheu em 2011


BiodieselBR.com - 18 out 2011 - 16:28 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:18

O desempenho da indústria europeia de biodiesel deste ano deve ficar abaixo da registrada no ano passado. A previsão é da Associação Europeia do Biodiesel (EBB, na sigla original em inglês) que acaba de publicar as estatísticas sobre a evolução do biodiesel no continente. Se confirmada, essa será a primeira queda nos níveis de produção desde 1998.

Em 2010, a produção das usinas europeias foi de quase 9,6 milhões de toneladas, um crescimento de 5,5% sobre 2009. Esse resultado já foi considerado decepcionante, pois mostrava sinais de desaceleração brusca em uma indústria que vinha num ritmo de expansão acentuada em 2009 (17%) e 2008 (35%). A previsão da EBB para 2011 é que a produção fique abaixo de 8 milhões de toneladas.

Em julho passado, a capacidade instalada chegou a 22 milhões de toneladas anuais de biodiesel, com 254 usinas em funcionamento. Durante o primeiro semestre do ano, a ocupação da indústria ficou em 44%. Os investimentos no setor de biodiesel foram puxados para cima com as metas da União Europeia (UE), que previam para 2020 uma substituição de 10% de todos os combustíveis consumidos no setor de transporte por fontes renováveis. Quando a Diretiva de Energias Renováveis da UE foi aprovada, em dezembro do 2008, a expectativa era que o consumo de biodiesel em 2020 chegasse a 24 milhões de toneladas.

Um dos principais motivos para as dificuldades vividas pela indústria europeia é a importação de biodiesel mais barato vindo de fora. Em 2010 cerca de 1,9 milhões de toneladas de biodiesel vieram de fora do continente. Uma boa parte das importações europeias era de biodiesel subsidiado dos Estados Unidos, que, apesar das medidas restritivas impostas pela UE em março de 2009, continuava entrando no continente Europeu por meio de truques alfandegários e de misturas abaixo dos limites definidos pela EU – como o B19. Em maio passado, a comissão europeia aprovou regras mais rigorosas para lidar com o problema das exportações norte-americanas.

Mas enquanto os embarques dos EUA caiam, os vindos da Argentina e da Indonésia estavam em alta. No primeiro trimestre do ano, esses dois países representaram 71% e 27%, respectivamente, das importações europeias de biodiesel. Os produtores europeus reclamam que os argentinos têm distorcido o mercado a seu favor ao sobretaxarem as exportações de óleo de soja em 32%, enquanto o biodiesel paga apenas 20%.

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Apoio político
Além das dificuldades comerciais, o apoio político aos biocombustíveis na Europa vem sendo corroído por questionamentos a respeito de sua real capacidade de mitigar as emissões de gases do efeito estufa. O conceito de Mudanças Indiretas no Uso de Terras (ILUC) tem ganhado tração no continente. A EBB tem criticado as propostas para inclusão do ILUC nos debates sobre política energética. A associação afirma que ainda falta robustez científica aos dados e que as usinas têm pouco controle sobre as políticas agrícolas dos principais países produtores de oleaginosas – que geralmente ficam fora da UE.

As dúvidas sobre a efetividade dos biocombustíveis têm levado muitos países-membro da UE a postergarem as misturas maiores exigidas pela diretiva. Segundo o documento da EBB é preciso “acelerar os esforços para finalizar a implementação da diretiva durante o final de 2011 e em 2012”.

Os incentivos aos biocombustíveis produzidos a partir de resíduos – como o óleo de cozinha reciclado – também foram alvo de críticas dos associados da EBB. Para a entidade falta uma definição clara de quais são as matérias-primas que se enquadram no conceito de “resíduos” e é preciso um mecanismo que permita monitorar a origem efetiva dos biocombustíveis que entram no mercado europeu por essa porta. “A EBB está alarmada com o risco de que biocombustíveis produzidos em países que não seguem as regras da diretiva européia podem acessar os mercados da UE em detrimento dos biocombustíveis sustentáveis produzidos na Europa”, reclama a associação em seu comunicado.

Fábio Rodrigues – BiodieselBR.com

Tags: Europa