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Os dilemas do manuseio e armazenagem do biodiesel


BiodieselBR.com - 30 jun 2011 - 08:34 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:17

A edição 2011 do Relatório Anual da Revenda de Combustíveis divulgado recentemente pela Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis) estampou um capítulo com muitas críticas ao biodiesel. BiodieselBR continua agora a série de reportagens sobre diversos pontos importantes levantados pela entidade. Dessa vez falaremos sobre o Guia de Procedimentos de Manuseio e Armazenagem de Óleo Diesel B.

Atualizado no começo do mês de março passado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural de Biocombustíveis (ANP), o Guia é uma espécie de cartilha que resume os cuidados mais importantes que devem ser tomados durante o armazenamento e transporte do biodiesel para que este não se deteriore entre a saída das usinas e o tanque de combustível dos consumidores finais. A nova versão do documento é considerada uma das primeiras medidas práticas da agência reguladora para tentar solucionar os problemas de formação de borra e de qualidade que começaram a preocupar a cadeia do biodiesel a partir do lançamento do B5 em janeiro de 2010.

Embora pareça considerar a publicação um avanço na situação em geral, o relatório da Fecombustíveis, contudo, ressalta que “algumas das recomendações propostas são comercial e operacionalmente inviáveis”.

Segundo o diretor de Postos e Rodovias da Fecombustíveis, Ricardo Hashimoto, são duas as recomendações que a entidade considera impraticáveis: manter os tanques de armazenamento de óleo diesel sempre no limite máximo – o que reduziria a exposição do biodiesel e a acumulação de umidade – e a de evitar que o combustível permaneça armazenado por mais de 30 dias. “O regime de entregas dos produtos pode fazer com que isso não seja possível. Além do mais, se compramos volumes menores para atender a recomendação de 30 dias, vamos contrariar a de manter o tanque cheio. Acreditamos que o biodiesel deveria suportar as condições do mercado e não as condições idealizadas sugeridas”, reclama Hashimoto numa crítica clara a especificação do biodiesel.

Uma solução mais consistente talvez surja com a revisão da norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas que trata do transporte, armazenamento, abastecimento e controle de qualidade do óleo diesel e suas misturas consumidos no Brasil – NBR 15.512. De acordo com o consultor da Fecombustíveis, Delfim Oliveira, o trabalho de revisão dos parâmetros da norma ainda deverão demorar de 6 a 8 meses para serem completados. “A norma está sendo totalmente revisada, com destaque para os itens referentes à compatibilidade do produto com outros metais e materiais, controle de qualidade, equipamentos de medição e processo de acondicionamento e mistura. Este é um estudo muito profundo e a responsabilidade é enorme”, explica.

O consultor da União Brasileira do Biodiesel, Donato Aranda, não acha que a norma precise de mudanças profundas para oferecer a segurança necessária o setor. “Ela está sendo atualizada para incluir os blends de biodiesel, mas, se você olhar as minutas, vai perceber que pouca coisa está sendo acrescentada em ternos de novos procedimentos para o setor”, diz acrescentando que o problema é muito mais de adesão às boas práticas do que de rigidez das normas vigentes. “No escopo da NBR atual, já existem recomendações a respeito da limpeza dos tanques, caminhões e tubulações usadas no transporte e armazenamento do biodiesel. Nem todo mundo cumpre essas exigências”, completa.

Fábio Rodrigues - BiodieselBR.com