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Bioverde terá mega usina em Sorocaba


BiodieselBR.com - 30 mai 2011 - 14:10 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:16

Enquanto a atenção de todo mundo estava voltada para o leilão 22, a Bioverde aproveitou para colocar em movimento seu projeto de aumento de capacidade produtiva de biodiesel. Na terça-feira (24), a empresa protocolou junto à ANP o pedido para converter as instalações que ela adquiriu no ano passado em Sorocaba (SP) numa usina de biodiesel. A nova fábrica, como informa a direção da empresa, será uma gigante capaz de produzir 400 milhões de litros no primeiro estágio, que deve ficar pronto até o final do ano.

Se já estivesse pronta, a nova unidade colocaria a Bioverde no topo do ranking das maiores usinas do Brasil, passando a Oleoplan, que ocupa a primeira colocação desde que a usina da empresa foi ampliada para os atuais 378 milhões de litros por ano em novembro passado. Segundo o presidente da Bioverde, Ailton Braga Domingues, contou com exclusividade ao portal BiodieselBR, estão sendo investidos R$ 150 milhões nessa nova unidade produtiva. Parte de um plano de expansão bastante agressivo que a empresa vem perseguindo desde que teve 50% de seu capital adquirido por um banco de investimentos paulistano – o Trendbank, do qual Ailton é superintendente de mercado de capitais – há dois anos.

Desde que a companhia passou às mãos dos novos controladores, a Bioverde dobrou a capacidade da usina de Taubaté – de 96 para 181 milhões de litros – e adquiriu da Copenor o site de 200 mil m2, onde a nova unidade está sendo instalada.

Ele reconhece que esse é um momento, no mínimo, estranho para fazer esse tipo de investimento – especialmente considerando as incertezas que andam pairando sobre as perspectivas de médio prazo para setor de biodiesel. “Como banqueiro eu posso dizer que, na situação atual, não faz nenhum sentido investir na produção de biodiesel”, diz acrescentando que boa parte da aposta se fundamenta nas expectativas de que o novo marco regulatório será favorável ao modelo de negócios que a Bioverde vem depurando nesses últimos anos. “Esperamos que o governo federal entenda que o biodiesel não deve ser subproduto de commodity, mas que ele é um produto que tem seu próprio mercado e tome algumas decisões que venham nesse sentido no novo marco regulatório”, prossegue.

Diferença
Ao contrário de outras empresas que tem investido no mercado de biodiesel nesses últimos tempos, a Bioverde não tem raízes nem no setor agrícola e nem no de commodities. “Não entramos no biocombustível para arbitrar sobre o preço de um subproduto que é o óleo de soja. Nós não queremos o conforto de sermos uma operação verticalizada, mas o desconforto de buscar novas tecnologias e matérias-primas. É esse o nosso DNA”, comenta.

Uma parte desse “desconforto” ganhou algumas manchetes em fevereiro, quando a usina anunciou um acordo com a fabricante espanhola de equipamentos industriais Integral  Bioenergies Systems para a aquisição de um novo tipo de reator capaz de produzir biodiesel a partir de resíduos industriais. Em seu website, a Bioverde também lista uma série de outros produtos químicos que comercializa, além do biodiesel, o que deixa bem claro o tamanho de suas ambições em relação à química verde.

Embora tenha certo risco, essa aposta tecnológica explica porque a Bioverde preferiu se instalar bem do lado dos maiores mercados consumidores do estado de São Paulo e Rio de Janeiro e não nas regiões produtores da soja como tantas outras usinas. A proximidade com o porto de Santos também é vista como uma vantagem estratégica chave. “O Brasil é o único país que tem terras agricultáveis em quantidade suficientes para abastecer o mercado da Europa pelos próximos anos”, pontua Ailton.

IPO
Talvez o interesse de um banco de investimentos por uma usina de biodiesel soe um pouco menos exótico se houver um IPO no horizonte. A sigla em inglês pode ser traduzida como “oferta pública inicial” e é usada para descrever o momento em que uma companhia resolve abrir parte de seu capital nas bolsas de valores. Em geral, essas operações movimentam somas vultosas de dinheiro – o IPO da Brasil Ecodiesel em 2006 rendeu R$ 379 milhões.

“É natural que, ao nos tornarmos uma das maiores fabricantes de biodiesel no Brasil, uma série de novas oportunidades comecem a surgir, e um IPO é uma delas”, confirma o executivo, informando que a empresa já tem um conselho administrativo formado e as contas auditadas por empresas de padrão internacional. Contudo, Ailton acredita que só em 2013 a empresa estará pronta para fazer esse movimento. Até lá, a empresa vai precisar colocar a nova usina em operação e ampliar as vendas para figurar entre as maiores do biodiesel nacional.

Imagem da usina da empresa em Sorocaba (clique na imagem para ampliar):

Bioverde Sorocaba

Fábio Rodrigues - BiodieselBR.com