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América Latina poderá ter rede de pesquisa em energias renováveis


BiodieselBR.com - 06 mai 2011 - 06:58 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:16

Existe uma boa chance de que, muito em breve, seja formada uma enorme rede para articular os esforços de pesquisadores e instituições científicas de toda a América Latina e Caribe nas áreas de energias renováveis e eficiência energética.

A informação foi repassada em primeira mão à BiodieselBR pelo pesquisador da Embrapa Soja Décio Luiz Gazzoni. Ele está participando do grupo de trabalho criado para estudar a viabilidade da iniciativa que, segundo ele, está sendo bancada pelo Escritório Regional para América Latina & Caribe do International Council for Science (ICSU) e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

“Isso começou há cinco anos quando fui convidado para participar do Painel Científico Internacional de Energias Renováveis do ICSU e fazer um apanhado sobre a energia renovável no mundo e também fizemos um estudo com as oportunidades de investimento em pesquisa e desenvolvimento nessa área na América Latina e Caribe”, conta Gazzoni. Uma cópia do documento (leia a íntegra) foi parar nas mãos dos técnicos que cuidam da questão das mudanças climáticas para BID. O banco contatou o ICSU e, juntas, as duas organizações conceberam a proposta para uma rede em energias renováveis e eficiência energética de alcance continental.

O ICSU, então, formou um grupo de trabalho internacional que tem até junho para publicar um relatório final esboçando uma proposta de organização para a rede, indicando fontes de financiamento para seu funcionamento. Gazzoni adianta que o grupo já elaborou um mapa de quem são os pesquisadores e instituições latino-americanas e caribenhas com pesquisas de ponta na área e subdividiu a questão em grandes áreas: Biomassa, Energia Solar, Eólica, Geotérmica, Armazenamento de Energia e Eficiência Energética.

Como não poderia deixar de ser, o biodiesel é pedaço fundamental – embora relativamente modesto – numa iniciativa desse tamanho. “Dentro da área de biomassa temos duas subáreas: biocombustíveis e bioeletricidade. O biodiesel faz parte da primeira delas”, conta.

Ainda de acordo com Gazzoni, nas contas do grupo de trabalho, estruturar a iniciativa exigiria cerca de US$ 5 milhões por ano nos dois primeiros anos, valores que não chegam a espantar considerando os volumes polpudos de dinheiro que circulam pela indústria de energia. “Só o comércio internacional de produtos energéticos movimenta US$ 3,3 trilhões por ano, mas se somarmos nisso o dinheiro que a energia movimenta dentro de cada mercado nacional, estamos falando de algo entre US$ 20 e US$ 25 trilhões”, contabiliza.

O BID já sinalizou que pode pagar parte dessa conta, mas para viabilizar a rede será preciso captar recursos de outras fontes. “Já temos uma lista com mais de 60 doadores em potencial”, anima-se Gazzoni explicando que esse dinheiro seria usado exclusivamente para estruturar a rede e suas atividades. Para financiar as pesquisas propriamente ditas, os pesquisadores ainda dependeriam de fontes de financiamento a disposição em seus próprios países. “Aqui no Brasil temos órgãos federais e estaduais como: a Finep, o CNPQ, a Faperj, a Fapesp etc”, arremata.

De um ponto de vista mais prático, o primeiro objetivo da rede seria ajudar países latino-americanos e caribenhos a se beneficiarem economicamente das oportunidades de negócios criadas pelas energias renováveis. As fontes alternativas de energia também prometem universalizar o acesso à eletricidade e podem colaborar para mitigar os impactos das mudanças climáticas.

Fábio Rodrigues - BiodieselBR.com