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Retrospectiva 2007: As usinas de biodiesel


BiodieselBR.com - 13 jan 2008 - 16:26 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

Ainda que apenas metade dos cerca de 50 projetos de usinas de biodiesel anunciados em 2007 tenham se concretizado – ou estejam sendo construídos para inaugurar em 2008 – a capacidade de produção do combustível no país atingiu o triplo do necessário para atender à demanda do B2.

Em 2007, 27 indústrias foram autorizadas pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), totalizando 45 usinas e capacidade de produção de 2,5 bilhões de litros.

Com a forte entrada de empresas no setor, algumas delas gigantes, calcula-se que o volume de investimentos durante o ano tenha chegado a R$ 1,2 bilhão. A Petrobras, por exemplo, aprovou a construção de três usinas – em Minas Gerais, na Bahia e no Ceará –, ao custo total de R$ 180 milhões.

Só a carteira do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para produção de biodiesel teve dez projetos que representaram investimentos de R$ 602,5 milhões, R$ 466,1 milhões financiados pelo banco. A capacidade instalada para essas plantas, que tinham previsão de entrar em operação no final de 2007 ou em 2008, é de 1,1 bilhão de litros.

O movimento do setor foi sentido também nas fabricantes de equipamentos para usinas. A Dedini, que afirma ter construído 35% das fábricas de biodiesel do Brasil, anunciou ter recebido consultas para pelo menos 60 projetos, dos quais dez deveriam se transformar em unidades produtivas, ainda em 2007 ou em 2008.

Entre os projetos da Dedini está o contrato de fornecimento da usina completa da Bionasa, que está sendo construída em Porangatu (GO). O complexo industrial terá capacidade inicial para produzir 200 milhões de litros/ano de biodiesel, utilizando como matéria-prima óleos vegetais e sebo bovino. A usina deve começar a operar em agosto de 2008 e o plano é ampliar a capacidade de produção para 400 milhões de litros anuais até 20010. 

SP e MT na liderança

O ano foi marcado por inaugurações. Só a Brasil Ecodiesel deu início às operações de quatro usinas – Crateús (CE), Iraquara (BA), Porto Nacional (TO) e Rosário do Sul (RS) –, com capacidade de produção de 108 milhões de litros por ano cada uma.

Além da usina da Brasil Ecodiesel, o Rio Grande do Sul ganhou também a indústria da BSbios, em Passo Fundo, com capacidade autorizada de 103, 5 milhões de litros por ano, e da Oleoplan, em Veranópolis, com capacidade de 98,1 milhões de litros anuais. A Bahia recebeu também a Comanche (ex-IBR) em Simões Filho, com capacidade autorizada ampliada para 100,5 milhões. Goiás ganhou a usina da Caramuru, instalada em São Simão, com capacidade de produção de 122,1 milhões de litros por ano.

São Paulo e Mato Grosso consolidaram, em 2007, suas posições de líderes na corrida do biodiesel. O Mato Grosso ganha em número de usinas – o Estado chega ao final do ano com 14 plantas autorizadas pela ANP – mas São Paulo é o primeiro em capacidade de produção. Suas nove usinas autorizadas podem produzir 576,2 milhões de litros por ano, contra 504,5 milhões do Mato Grosso. 

São Paulo já tem a maior usina do país – a Biocapital, de Charqueada, cuja capacidade de produção autorizada foi ampliada neste ano para de 247,2 milhões de litros.  A empresa pediu em outubro registro para oferta pública inicial de ações na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e deverá ser a terceira empresa de biodiesel na Bolsa de Valores (as outras são a Brasil Ecodiesel e Agrenco).

O potencial de produção de biodiesel do Estado cresceu ainda mais em 2007 com a ampliação da capacidade da Bioverde (ex-Biopetrosul), que subiu de 63,9 milhões de litros/ano para 80,2 milhões, e com a chegada da Bertin, que inaugurou em agosto, em Lins, sua planta de 100 milhões de litros anuais, produzidos a partir de sebo bovino. A inauguração teve a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que batizou o combustível da empresa de “biodiesel de picanha”.

A produção paulista ainda terá um reforço de peso no próximo ano. Com aporte de R$ 110 milhões, a hispano-brasileira Naturoil Combustíveis Renováveis S.A. começou a construir em Ourinhos, no sul do Estado, uma mega planta com capacidade para produzir 227 milhões de litros por ano. O investimento foi anunciado em maio deste ano pelo presidente da Naturoil, Mario Multedo.

No Mato Grosso, o movimento também foi intenso em 2007. No decorrer do ano, a Secretaria Estadual de Indústria, Comércio, Minas e Energia (Sicme) recebeu 18 projetos de instalação de usinas encaminhados ao Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial (Prodeic), que dá direito a incentivos fiscais. As propostas envolvem usinas com previsão para começar a operar em 2008 e com capacidade de produção somada de 836 milhões de litros.

Três usinas iniciaram as operações no Estado. A maior delas a Fiagril, de Lucas do Rio Verde, tem capacidade de produção de 123 milhões de litros por ano e começou a funcionar na segunda quinzena de dezembro. Antes, entraram em operação a Biopar, de Nova Marilândia, com capacidade de 10,8 milhões de litros por dia, e a Coapar, de Campos de Júlio, que vinha operando desde maio, mas foi interditada em dezembro pela fiscalização da ANP e da Secretaria da Fazenda do Mato Grosso (Sefaz).

Além da Coapar, outras três usinas que funcionavam sem autorização da agência foram autuadas no Mato Grosso. Segundo a Sefaz informou no final de dezembro, das 41 usinas de biodiesel registradas no Cadastro de Contribuintes da Sefaz/MT, 70,73% não possuem autorização dos órgãos licenciadores (ANP, Secretaria de Estado de Meio Ambiente – Sema, Corpo de Bombeiros, entre outros) para funcionar. E nenhuma das 41 usinas recolhe o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) devido nas operações.

O Mato Grosso também está nos planos do grupo Agrenco que está construindo uma usina no Estado com capacidade de produzir 180 milhões de litros por ano. A multinacional, que também tem indústrias em construção no Mato Grosso do Sul e no Paraná, seguiu o exemplo da Brasil Ecodiesel e também entrou na Bolsa de Valores. (RM)