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Plantio de mamona pode conter migração no campo


Diário de Pernambuco - 13 ago 2007 - 08:01 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

A histórica migração de mão-de-obra do Agreste e Sertão para o corte da cana-de-açúcar na Zona da Mata entre os meses de setembro a março pode estar com os dias contados. O plantio de 15 mil novos hectares de mamona para a produção de biodiesel, em treze municípios das duas regiões, promete assegurar uma nova fonte de emprego e renda para mais de 45 mil agricultores familiares. A cultura, que será consorciada com o feijão, hortaliças e a criação de caprinos, ovinos e apicultura, deve manter o trabalhador do campo em seus municípios de origem. A produção de mamona, estimada em 12 mil toneladas/ano, será integralmente processada pela Usina de Biodiesel Miguel Arraes de Alencar, que será inaugurada em setembro.

O coordenador do Programa Estadual dos Arranjos Produtivos Locais (APL's) da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, João Luís Coutinho, explicou que a redução da migração dos agricultores familiares do Agreste e Sertão para o corte da cana deverá ocorrer de forma gradual. Segundo ele, a diminuição no contingente de trabalhadores que deixa anualmente suas áreas de origem em busca de oportunidade de emprego na Zona da Mata, acompanhará a diversificação agropecuária do Semi-Árido. "Vamos começar com o plantio consorciado de mamona com feijão e, aos poucos, iremos introduzir outras atividades", disse.

O presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool (Sindaçúcar-PE), Renato Cunha, afirmou que a princípio o cultivo da mamona no Semi-Árido não terá grande impacto na mão-de-obra da palha da cana. Ele garantiu que a maior parte dos cortadores é da própria Zona da Mata e que o plantio de 15 mil hectares de qualquer cultura não se desenvolve da noite para o dia. "Acreditamos numa concorrência saudável, uma vez que o homem do campo vem se preparando tecnicamente nas mais diversas áreas", destacou Cunha.

Para o diretor de Política Salarial da Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco (Fetape), José Rodrigues, a garantia de emprego no campo, sobretudo no Agreste, deverá melhorar as condições de vida dos agricultores familiáres fixando-os em seus pequenos sítios. Ele explicou que a migração de mão-de-obra da região para o corte da cana já foi mais significativa. No entanto, nos últimos anos vem sendo suplantada em números por trabalhadores vindos dos municípios do Litoral e da Zona da Mata de Alagoas e da Paraíba. "O desenvolvimento de culturas que necessitem de um volume significativo de agricultores, a exemplo da mamona consorciada a outras atividades agropecuárias, certamente garantirá uma melhor geração e distribuição de renda em todos o municípios envolvidos", destacou.

Roberto Cavalcanti