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Pedra fundamental da nova sede da Embrapa Agroenergia será lançada hoje


Gazeta Mercantil - 15 ago 2007 - 06:42 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

A Embrapa lança hoje, em Brasília, a pedra fundamental de mais um laboratório de pesquisa de agroenergia. "Estamos formando equipes e monitorando todo trabalho de pesquisa para fazer o novo negócio dos biocombustíveis caminhar a passos largos", disse Frederico Durães, chefe geral do setor de agroenergia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). As novas instalações serão construídas em parceria com as universidades do Paraná, Amazonas e da Paraíba.

A Embrapa vai manter as parcerias públicas privadas para dar continuidade às pesquisas. Atualmente, a empresa conta 2,2 mil cientistas, pouco mais de 8 mil funcionários em 41 unidades distribuídas pelo País. "Já podemos nos considerar referência em ciência e tecnologia", afirma Durães.

No novo laboratório, de porte médio, serão investidos cerca de R$ 50 milhões nas pesquisas de biotecnologia e recursos genéticos. A equipe será formada por 100 profissionais, sendo 4 cientistas com especialidades em sistemas produtivos e sustentabilidade. "O Brasil vive uma de suas melhores fases agrícolas, porém, temos um gargalo, a falta de matérias-primas para a produção do biodiesel, por isso a necessidade de novos campos de pesquisas, com uma visão para os próximos 10 anos", afirmou Durães.

O País tem o domínio da tecnologia, segundo o executivo, mas é preciso agregar conhecimento em arranjos produtivos locais para permitir um rendimento maior por hectare, como já existe para as culturas de soja, girassol, entre outras.

Atualmente, com essas culturas, é possível produzir de 500 a 700 litros de óleo por hectare. "Com a produção de pinhão manso, por exemplo, o produtor poderá obter entre 3 mil e 5 mil litros de óleo por hectare e competir com uma das melhores culturas para o biodiesel que é o dendê, cujo potencial de produção é de até 5 mil litros por hectare", afirma.

De acordo com a Embrapa, entre as áreas com maior ganho de produtividade, estão a região Amazônica e o sul da Bahia. "O Brasil está sempre inovando para desenvolver a agroenergia. Para cada estratégia, temos um novo conceito. Dois deles são básicos: o tecnológico e os arranjos produtivos já instalados", comenta.

Um exemplo fica em Campina Grande (PB), mais precisamente na Embrapa Algodão. Por lá foi desenvolvida uma nova espécie de mamona, a BRS Energia, que será o primeiro produto concebido para ser matéria-prima de energia renovável no semi-árido nordestino, mas ela só estará disponível para o plantio a partir de janeiro de 2008.

A BRS Energia é resultado de uma pesquisa iniciada em 2000, com experimentos feitos na Paraíba, Ceará, Rio Grande do Norte e Rondônia. A colheita poderá ser realizada num prazo prematuro, quando comparada com outras culturas de mamona, e produzirá cachos maiores, o que significa maior rendimento. Enquanto os demais cultivares lançados pela Embrapa têm uma produção média de 1.500 quilos/ano, a BRS Energia promete uma produção de até 1.800 quilos/ano.

A nova cultura tem características peculiares como frutos que não abrem quando o cacho está seco, o que permite a realização de colheita única. Além disso, a altura média da planta é de 1,40m, com até 3 cachos por planta. O teor de óleo varia entre 48% e 49%.

A mamona é uma das principais matérias-primas do programa de biodiesel do governo federal, porém a Embrapa já desenvolve uma nova cultura que promete um ganho de produtividade semelhante à da BRS Energia, mas que poderá ser plantada apenas em áreas abaixo de 300 metros de altitude.

Segundo os pesquisadores, para uma boa produtividade da BRS Energia será necessário que as condições climáticas sejam favoráveis, com volumes de chuva de até 500 milímetros por ano, ou com irrigação compatível, controle de pragas rígido e boa adubação.

Áreas de plantio

Em seis portarias publicadas no Diário Oficial da União, no dia 16 de julho, foram aprovados zoneamentos agrícolas para a cultura de mamona em cinco estados e no Distrito Federal, no ano safra 2007/08. Em Tocantins, Goiás e no DF todos os municípios foram considerados adequados para o plantio. Já em Minas Gerais foram indicados 555 municípios. No Mato Grosso, 105 e no Rio Grande do Sul, 297.

De acordo com o setor de Zoneamento Agropecuário do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MARA), a ampliação do número de estados e municípios com condições para o cultivo de mamona é uma opção que o governo criou para os agricultores aumentarem a oferta de matéria-prima para o biodiesel. No ano passado, apenas a região Nordeste foi contemplada.

Ivonéte Dainese