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Biodiesel

Risco mal administrado tira lucro do setor de biodiesel


DCI - 14 mai 2007 - 07:16 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

A Brasil Ecodiesel, maior fabricante de biodiesel do País, viu sua margem bruta cair no primeiro trimestre deste ano em razão da alta no preço do óleo de soja, praticamente sua única matéria-prima. Por falta de um mecanismo eficiente de proteção contra variações de mercado, o custo da empresa com o óleo subiu 5% em relação ao trimestre anterior, o que ocasionou 70% da queda de margem bruta, de 9,9% para 7,3% na mesma comparação.

Apesar de ser a maior empresa do setor, a companhia criada há apenas dois anos ainda está aprendendo a administrar seus riscos em um mercado recente. “Estamos contratando hedge com uma instituição financeira”, revela o diretor financeiro e da Brasil Ecodiesel, Ricardo Viana.

A gestão adequada dos riscos relativos à produção de biodiesel será um fator fundamental de sucesso para as empresas do setor, na análise do consultor sênior em gerenciamento de risco Heber Wesley Cardoso, da FCStone do Brasil. A empresa é uma das maiores do mundo nesse setor e o principal agente do mercado de etanol na Bolsa de Chicago.

“Tanto no Brasil como nos Estados Unidos, o setor de biodiesel é muito novo e só agora as empresas estão percebendo que precisam administrar os riscos envolvidos com os mercados do seu produto e das matérias-primas”, diz o consultor da multinacional.

O hedge é o principal mecanismo de gestão de riscos, no qual a empresa compra ou vende produtos no mercado futuro. Assim, ela trava o custo da matéria-prima ou o preço de seu produto, ainda que o mercado varie. “Com o crescimento do mercado mundial de biodiesel, as empresas terão também de trabalhar com o hedge do câmbio”, diz Cardoso.

Segundo Viana, a política de gestão de riscos da Brasil Ecodiesel é manter contratos de longo prazo com os fornecedores de óleo de soja, o que garante alguma previsibilidade no custo de matéria-prima. “Mas só isso não é o bastante”, avalia o especialista da FCStone.

O consultor da FCStone afirma que outras políticas de mitigação de risco que funcionam na indústria de biodiesel é investir em armazenagem, para comprar suas matérias-primas na safra e consumi-las até a entressafra. “Com essa estratégia a empresa paga mais barato pelo produto no mercado físico e ainda ganha com a diferença entre o preço internacional e o mercado local, que é maior neste momento de safra”, explica Cardoso.

Diversificação
Uma alternativa que está sendo buscada pela Brasil Ecodiesel é diversificar sua matriz de matérias-primas. Dividindo a originação dos óleos vegetais em várias oleaginosas, a empresa divide também os riscos relacionados à variação de preços das matérias-primas.
Segundo o diretor da companhia, a meta é chegar ao fim do ano utilizando 12% de óleo de mamona, 18% de óleo de girassol e 70% de óleo de soja, que hoje responde por praticamente 100% do óleo utilizado.

“Estamos investindo no plantio do pinhão-manso em 26 mil hectares próprios, mas atualmente utilizamos os grãos como semente para ampliar o cultivo”, afirma Ricardo Viana. A previsão da Brasil Ecodiesel é começar a utilizar o pinhão-manso para fabricar biodiesel comercialmente a partir de 2010.

Investimentos
A Brasil Ecodiesel tem um plano para investir R$ 180 milhões este ano, basicamente no aumento da capacidade instalada. No primeiro trimestre, R$ 48 milhões desse montante já foram aplicados. A empresa já tem três novas fábricas prontas para operar, aguardando apenas liberações burocráticas.

As unidades ficam em Porto Nacional (TO), Rosário do Sul (RS) e Itaqui (MA). Já estão em funcionamento as usinas de Iraquara (BA), Crateús (CE), e Floriano (PI), a primeira fábrica da companhia que terá a capacidade de produção dobrada para 90 milhões de biodiesel por ano.

Uma sétima usina será construída no segundo semestre em Dourados (MS), totalizando 800 milhões de litros de capacidade anual de produção.
O futuro da bioenergia será discutido no evento Agenda Brasil, que o DCI realiza no dia 18 em São Paulo com foco central em energias.

Luiz Silveira