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Biodiesel

Agroenergia aproxima Embrapa e Petrobras


Embrapa Agroindústra de Alimentos - 22 mai 2007 - 12:24 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

Embrapa e Petrobras costuram parcerias em agroenergia para resolver questões relativas à produção de óleos vegetais, zoneamento agroclimático e desenvolvimento de co-produtos a partir de resíduos como torta de mamona, glicerol e bagaço da cana-de-açúcar. A estratégia vai somar a competência da Embrapa em agricultura tropical e o domínio da Petrobras na produção e distribuição de energia, potencializando a competitividade do setor agroenergético do país.

O elo agrícola, apesar dos avanços com soja, mamona e girassol para produção de biodiesel, ainda precisa de tecnologias para reduzir custos da matéria-prima e aumentar a produtividade da fração lipídica. Também faltam saídas para o aproveitamento dos resíduos industriais. Hoje, o glicerol, resultante da extração do óleo de mamona, já soma 1.3 milhões de toneladas/ano em todo o mundo, sendo que a indústria química absorve apenas 1 milhão de toneladas/ano. “Já temos um excedente e falta tecnologia para criar novos mercados para este subproduto”, salientou Alberto Oliveira Fontes Júnior, coordenador do Programa de Energias Renováveis da Petrobras.

Estimativas da Petrobras apontam que os rejeitos do bagaço e da palha de cana-de-açúcar seriam suficientes para quase dobrar a produção de álcool no Brasil com a inclusão de mais de 13 bilhões de litros/ano. Mas para isto, o desafio é consolidar as tecnologias para o processamento da fibra lignocelulósica. Uma das respostas pode ser o emprego de enzimas produzidas por fungos e que são alvo de pesquisas na Embrapa Agroindústria de Alimentos e na Petrobras (Rio de Janeiro-RJ).

“Não podemos perder o momento em que a cooperação das duas empresas é essencial para reformatar a matriz tecnológica de energia”, frisou José Geraldo Eugênio de França, diretor-executivo da Embrapa que esteve no encontro que reuniu técnicos da Embrapa e da Petrobras, no último dia 14, no Rio de Janeiro (RJ), para discutir prioridades e mecanismos de parceria.

Alternativas

A agroenergia está presente na Embrapa em quatro grandes redes focadas em biodiesel de espécies novas e tradicionais, florestas energéticas, cana-de-açúcar e aproveitamento de resíduos (co-produtos). Recentemente, a empresa criou um centro específico, a Embrapa Agroenergia, retratando a importância do tema bem como seus impactos econômicos, sociais e ambientais.

Alguns resultados já são palpáveis como a avaliação e recomendação de oleaginosas promissoras de acordo com as características de cada região e o melhoramento genético da cana-de-açúcar. São ações de unidades como Embrapa Soja, Embrapa Algodão e Embrapa Tabuleiros Costeiros associadas a universidades e diversos parceiros.

Na área de co-produtos, a Embrapa Agroindústria de Alimentos, junto com outras unidades (Algodão, Caprinos, Agroindústria Tropical, Biotecnologia e Recursos Genéticos) e com apoio da Universidade Estadual do Norte Fluminense e a Universidade Federal de Alagoas, lidera pesquisas para tornar a torta de mamona um produto viável para ração animal por meio da destoxificação da ricina por extrusão termoplástica.

A iniciativa minimizará o passivo ambiental da torta e colocará no mercado um produto de alto valor agregado e de impacto importante para a pecuária do Nordeste, que carece de rações, mas tem as maiores áreas de cultivo de mamona. A Petrobras também possui pesquisas nesta linha o que reforça a necessidade de atuação interinstitucional.

Outra alternativa vem da Embrapa Solos que propõe transformar a biomassa residual em biochar, um produto similar à terra preta de índio, que serve para enriquecer e proteger o solo. Novos encontros definirão as atividades, papéis dos parceiros e formas de financiamento das pesquisas.

Soraya Pereira