Prejuízo da Brasil Ecodiesel cai 98% e vendas dobram no trimestre

A Brasil Ecodiesel fechou o primeiro trimestre com um prejuízo líquido de 526 mil reais. A cifra é 98,4% inferior à perda de 33,223 milhões do último trimestre de 2006. De acordo com a empresa, o resultado reflete a rápida curva de crescimento da empresa, que abriu seu capital em novembro do ano passado. A receita bruta somou 61,130 milhões de reais no período, 100,8% maior que os 30,448 milhões do último trimestre de 2006. "Este é o quinto trimestre seguido de forte crescimento. A taxa média desses trimestres é de 98%", afirmou Ricardo Vianna, diretor de Finanças e Relações com Investidores, durante teleconferência com jornalistas nesta sexta-feira (11/5).

O mercado recebeu bem os resultados. Os papéis da companhia fecharam o dia com alta de 5,64% - uma das maiores da Bolsa de Valores de São Paulo -, cotados a 9,74 reais. O Ibovespa, principal índice do pregão, terminou esta sexta com valorização de 1,33%.

As vendas físicas chegaram a 27.697 metros cúbicos de biodiesel, um incremento de 103% sobre os últimos meses de 2006. O resultado poderia ter sido melhor, se a empresa não tivesse enfrentado problemas na logística de entrega do combustível. Segundo Vianna, 9 mil metros cúbicos previstos para o período foram remanejados para os segundo e terceiro trimestres. A receita que deixou de ser contabilizada foi de 18 milhões de reais. De acordo com Vianna, os contratos de venda estabelecem que os clientes são responsáveis pela retirada do produto nas usinas.

O grande mercado da companhia, atualmente, é o fornecimento de biodiesel para refinarias e distribuidoras, como a Petrobras e a Refap, cujos contratos foram conseguidos nos cinco leilões promovidos pela Agência Nacional de Petróleo. Nesses eventos, a ANP leiloou um total de 885 mil metros cúbicos de combustível, sendo que a empresa arrematou 56% do total, ou 496 mil metros cúbicos. Entre 2006 e março de 2007, a Brasil Ecodiesel já entregou 57.400 metros cúbicos. Os contratos vencem em dezembro de 2007 e ainda restam 438,6 mil metros cúbicos para fornecer. O biodiesel é misturado ao diesel de origem fóssil, na proporção de 2%. Segundo a ANP, em janeiro deste ano – últimos dados disponíveis –, foram vendidos 515.970 metros cúbicos de diesel misturado, o que representou 18% do mercado total de diesel no país.

Expansão
A empresa conta com três usinas de biodiesel em operação – Floriano (PI), Crateús (CE) e Iraquara (BA). Outras três usinas aguardam autorização para iniciar as atividades: Porto Nacional (TO), Rosário do Sul (RS) e Itaqui (MA). A previsão é de que essas plantas comecem a operar entre o final de maio e início de junho. Uma última unidade – a de Dourados (MS) – deve ser inaugurada no segundo semestre. Com as novas plantas, mais a duplicação da usina de Floriano para 90.000 metros cúbicos, a companhia terminará o ano com capacidade instalada de 800.000 metros cúbicos de biodiesel.

Para sustentar essa expansão, o conselho de administração da companhia aprovou investimentos de 180 milhões de reais para este ano. Do total, foram aplicados 47,7 milhões de reais no primeiro trimestre.

Ao mesmo tempo, a empresa está expandindo sua rede de fornecedores e investiu na parceira com pequenos produtores rurais. O número de famílias que integram a rede alcançou 57.606, um incremento de 71,9% sobre dezembro de 2006.

Mercados
A pressa em aumentar a capacidade produtiva é explicada pela expectativa de forte aumento da demanda por biodiesel a partir de 2008, quando será obrigatória a mistura de 2% do insumo ao diesel fóssil. Em 2010, a proporção deve passar para 5%.

Além disso, a empresa espera iniciar exportações regulares a partir de 2008. A Brasil Ecodiesel está negociando contratos de longo prazo com possíveis parceiros europeus, como distribuidores e grandes compradores de combustível líquido. A Europa é o maior mercado de biodiesel do mundo, liderada pela Alemanha, França e Itália. No ano passado, os europeus consumiram 4,320 milhões de toneladas de biodiesel, volume 35,7% maior que em 2005. "Queremos atingir um volume significativo de exportações. Ainda não fechamos os contratos, mas o volume pode ficar entre 10% e 20% de nossa produção", diz Vianna.

Em 2007, as exportações devem ser "irrelevantes", segundo o executivo, porque a Brasil Ecodiesel ainda se encontra na fase de negociação de contratos e obtenção de certificações junto à Comunidade Européia para poder exportar.

Por Márcio Juliboni