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Análise Semanal 03.nov.08
O valor da matéria-prima e os subsídios
A FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura – fez um alerta contundente sobre os subsídios agrícolas praticados pelos países ricos e um apelo aos 30 países membros da OCDE – Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico. No seu relatório anual sobre a alimentação mundial, divulgado em outubro, o diretor-geral Jacques Diouf diz que "as oportunidades para os países em desenvolvimento de tirarem um melhor proveito da demanda de biocombustíveis seriam favorecidas pela supressão das subvenções agrícolas e das barreiras comerciais que criam um mercado artificial e que beneficiam atualmente apenas aos produtores dos países da OCDE, em detrimento dos países em desenvolvimento."
Este é o grande problema que os países ricos estavam escondendo quando começaram a atacar a produção de biocombustíveis acusando-os de estarem promovendo a alta dos preços dos alimentos. Agora que a farra financeira acabou fica mais difícil de erguer cortinas de fumaça sobre os verdadeiros motivos.
Vale lembrar que a própria FAO tinha embarcado no discurso dos países interessados em esconder os motivos da alta nos alimentos e deu declarações colocando restrições à produção de biocombustíveis. Mas com esse relatório, a FAO passou a entender que a produção de biocombustíveis aumentará a produção de alimentos desde que algumas medidas, como a revisão de todos os subsídios agrícolas dos países da OCDE, sejam tomadas.
A maior conseqüência da prática de subsídios agrícolas é o estabelecimento de preços abaixo dos custos de produção nos países pobres ou em desenvolvimento. Dessa maneira, não há viabilidade econômica para plantar, obrigando o país a importar os produtos agrícolas. Com isto os países pobres passam a comer pelas mãos dos ricos.
Isto tem acontecido de maneira agressiva com o arroz na Ásia, com milho na África e no Brasil com o trigo. Há vinte anos o governo brasileiro acabou com o Cetrin e junto acabou qualquer incentivo ao plantio de trigo no Brasil. Passamos a importar mais da metade do trigo necessário. A justificativa para acabar com o incentivo foi de que importar seria mais barato que produzir. Reflexo do subsídio no país produtor.
A crise econômica mundial está mostrando a necessidade de mudanças profundas no relacionamento entre países, entre elas a mudança na forma e no modelo na produção de alimentos. Não se resolve o problema da fome dando ou subsidiando alimentos aos países pobres. Ensiná-los a produzir trará melhores resultados. O mapa da fome no mundo mostra que os países que necessitam de ajuda possuem grandes áreas de terras agricultáveis disponíveis.
Além de alimentos, esses países também importam petróleo. É mais uma conta cara a ser paga por quem tem parcos recursos. Uma das saídas para esses países é produzir alimentos, grãos e óleos vegetais para biodiesel. Com isso acabariam com as importações de comida e diminuiriam a dependência do petróleo, mas serão necessários financiamentos, transferência de tecnologias agrícolas e vontade política mundial para que essa produção aconteça.
Lembrando que daqui a duas semanas acontece a Conferência Internacional sobre Biocombustíveis organizada pelo governo federal justamente para discutir este tema e o impacto dos biocombustíveis em diversas áreas pelo mundo.
Óleo de soja
Na última semana de outubro o óleo de soja subiu 6,3% na bolsa de Chicago, fechou o mês cotado a U$ 0,3360 por libra peso. Essa alta foi neutralizada pela valorização do real em 7,34% em relação ao dólar, durante a última semana de outubro.
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