[Análise] Terceiro maior produtor de biodiesel do mundo
O Brasil alcançou o posto de terceiro maior produtor de biodiesel do planeta com uma produção de 1,16 bilhões de litros em 2008. Os primeiros lugares continuam sendo da Alemanha e dos Estados Unidos. É uma ótima colocação, se considerarmos que o programa brasileiro completou apenas quatro anos. Agora se for considerado o potencial brasileiro de produção e o fato de a Argentina (país sem um programa estruturado) ter produzido mais biodiesel que o Brasil até outubro, o resultado não é tão bom.
O país tem capacidade instalada e matéria-prima suficiente para produzir, com segurança, pelo menos o dobro desse volume. Essa capacidade de produção está hoje ociosa, a espera da retribuição do governo a todo o investimento feito pelos empresários a pedido do mesmo governo.
Outra maneira de aumentar a produção de biodiesel no Brasil é fazendo com que o preço do produto final fique igual ou menor que o preço do diesel. Para isso é necessário que haja matérias-primas mais baratas que a soja. Nesse sentido o governo fez alguns movimentos no começo do programa, mas com matérias-primas que não deram resultados. Depois do lançamento, o governo tem se mostrado muito lento e sem iniciativas.
Atualmente o país dispõe de cerca de trinta milhões de hectares de terras agricultáveis que não são utilizadas entre março e outubro. Para utilizar essas áreas o produtor rural está aguardando existir um produto rentável e com venda garantida, pois já tem as máquinas e equipamentos. As usinas podem garantir a compra dessa produção, mas é preciso da propaganda e financiamento, do mesmo modo que foi feito com o a mamona. Hoje, quase todas as alternativas à soja apontada por especialistas ainda carecem de financiamento e zoneamento agrícola. Dentro das limitações, os empresários vêm fazendo a sua parte no campo também, mas sem o apoio e incentivo do governo o resultado demora muito mais para aparecer.
O Brasil reúne todas as condições para em poucos anos alcançar o topo da lista. Isto acontecerá inevitavelmente dentro de alguns anos. Levar quatro ou doze anos para atingir essa meta é uma opção do governo que, além de ser mais ágil com o incentivo a produção de matérias-primas, precisará aumentar gradativamente os percentuais de mistura obrigatória. Embora a Lei 11.097 se limite em B5, nada impede que daqui alguns anos o país adote o B10, o B15 e o B20.
