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A situação da Brasil Ecodiesel


BiodieselBR.com - 06 abr 2009 - 15:42 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:08

A Brasil Ecodiesel apresentou no dia 30/03 seu balanço de 2008 e do último trimestre do ano passado. A empresa teve um prejuízo líquido em 2008 de R$ 197,1 milhões de reais e de R$ 64,3 milhões de reais somente nos últimos três meses.

A situação é delicada e os inúmeros problemas podem ser reduzidos em basicamente dois: alto endividamento e baixa produção. As dívidas elevadas exigem pagamentos de juros acima do recomendável para o volume de biodiesel que produz. Como exemplo, somente no último trimestre o serviço da dívida foi de R$ 20,8 milhões e a produção foi de 23,1 milhões de litros, que corresponde a um custo de R$ 0,90 por litro produzido somente para pagar juros.

Enquanto as principais usinas de biodiesel brasileiras tiveram aumentos expressivos de sua produção em 2008, a Brasil Ecodiesel teve redução de produção em relação à 2007. Em 2007 a empresa produziu 211,9 milhões de litros e em 2008 foram 139,6 milhões, sendo que mais da metade desse volume foi produzido no primeiro trimestre. A redução na produção da empresa foi de 34,1%. Comparando o último trimestre de 2008 com o último de 2007, vemos uma redução de 74,5%, foram 23,16 milhões contra 91 milhões de litros de biodiesel.

Em seu relatório a empresa cita que suas dificuldades são conseqüências da alta do preço da matéria-prima, da não liberação do mercado, das multas não pagas pela Petrobras, do cancelamento pela ANP dos volumes arrematados em leilão, de ter investido na produção de mamona, além da estratégia errada nos leilões de obrigatoriedade do B2. De todos esses pontos o que causou maior problema foi o baixo preço de venda nos leilões para entrega no primeiro semestre de 2008 e no último semestre de 2007. Nesse período a empresa vendeu biodiesel abaixo do preço de custo, e acabou esvaziando seus cofres. Sem dinheiro, todos os outros problemas se agigantaram.

A liberação do mercado, ou o fim dos leilões poderá não ser interessante para a Brasil Ecodiesel. Poderia ter sido, mas dificilmente será. Cinco de suas usinas estão na região Nordeste e Norte. A Petrobras tem três usinas também na região Nordeste. Com a liberação do mercado, sendo a Petrobras produtora de biodiesel e distribuidora, sua produção de biodiesel terá preferência e somente o biodiesel que faltar a estatal comprará de terceiros. Se houvesse o B4 desde o início de 2009, o consumo de biodiesel no nordeste seria de 280 milhões de litros, dos quais a Petrobras ficaria com 170 milhões de litros, se o mercado fosse liberado. O volume que sobraria daria para ocupar apenas uma das usinas da empresa.

Conseqüentemente, a localização das usinas da Brasil Ecodiesel não estão nos melhores lugares. A capacidade instalada de produção na região Nordeste está muito acima da demanda. Desovar esse volume implica no aumento de custos com logística.

Na média de 2008 a Brasil Ecodiesel perdeu R$ 50 milhões por trimestre de seu patrimônio líquido. A continuar esta tendência ao final do primeiro semestre de 2009 o patrimônio líquido da empresa será zerado. A empresa está num círculo vicioso onde não consegue produzir mais por falta de capital de giro e a falta de capital obriga a produzir menos. Pelo tamanho de sua dívida e os custos dos serviços dessa dívida a empresa deveria utilizar no mínimo 90% de sua capacidade instalada e vender todo o biodiesel com boa margem para fazer frente aos compromissos financeiros.

A empresa sabe de todos esses problemas e está fazendo o possível para sair desse círculo vicioso. Tanto é que foi aprovado pelos acionistas a contratação de um novo empréstimo de 40 milhões de reais para ser usado como capital de giro.