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Biolubrificante verde


Editorial Diário do Nordeste - 19 ago 2007 - 14:30 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

A matriz energética verde se difunde a passos largos, diversificando seu leque de alternativas de uso como combustíveis e lubrificantes não poluentes. Os vegetais produtores de óleos essenciais assumem, assim, posição de destaque como matéria-prima para novas fontes de energia sem risco de poluição do meio ambiente.

A Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste, uma subsidiária da Petrobras, uniu seus esforços aos dos pesquisadores dos Departamentos de Engenharia Química e de Química Orgânica e Inorgânica da UFC para ampliar o uso da mamona com fins automotivos. Dessa associação de massa crítica surgiram 16 moléculas de biolubrificantes derivados de óleos vegetais de alto valor agregado.

O óleo de mamona tem uso como matéria-prima para produção de biodiesel. Além dessa característica incomum, dele se extrai o ácido ricinoléico. A partir deste, os pesquisadores conseguiram as moléculas de biolubrificantes.

O impacto da inovação levou a Petrobras a programar para Fortaleza um Centro de Pesquisas, com investimentos de R$ 10 milhões para abrigar sete plantas-piloto de biolubrificantes.

O futuro acena para a expansão, em grande escala, dos vegetais produtores de energia limpa, em sinergia com os esforços para conter a destruição do meio ambiente. Nessa linha de aproveitamento econômico de recursos naturais renováveis, os óleos essenciais têm emprego nos mercados norte-americano, europeu e japonês.

A Europa, em 2006, consumiu 3,89 milhões de toneladas de biodiesel, gerando, em conseqüência, faturamento de 2,9 bilhões de euros. Paralelamente, recursos ambientalmente renováveis como os raios solares, vento, biogás, biomassa e força hídrica estão alinhados no esforço de substituição das formas tradicionais de obtenção de energia para alimentar a produção.

Nesse ponto, as dificuldades maiores se concentram nos países periféricos, onde faltam processos tecnológicos adequados à exploração dos recursos alternativos. O Nordeste do Brasil registra, a cada ano, de 2.500 a 3.000 horas de luz, as quais poderiam ser racionalmente aproveitadas, tanto para fins de produção industrial, como para suprimento residencial, urbano e comercial.

O longo período de insolação, subaproveitado como fonte energética, se adequa, excepcionalmente, ao desenvolvimento do cultivo da mamona em terras do semi-árido, onde o Ceará chegou a constituir um ciclo econômico baseado nessa euforbiácea. Além da utilidade como matéria-prima do biodiesel, a descoberta de sua utilização como biolubrificante oferece oportunidade de ocupação das terras inaproveitadas com culturas sofisticadas.

O plano, para lograr resultados positivos, exige transformações no campo, com a organização dos produtores da agricultura familiar em cooperativas ou associações de produção, facilitando a difusão das tecnologias de plantio, do emprego de sementes selecionadas, colheita e comercialização sem interferência de atravessadores.