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Alimentos X Biocombustíveis: Novo round?


BiodieselBR.com - 16 jul 2009 - 12:40 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:09

Mais uma vez a FAO – Agência para a Agricultura e Alimentos das Nações Unidas – voltou a atacar os biocombustíveis como causadores da fome no mundo em um documento apresentado na cúpula do G8 que se reuniu em L´Aquila na Itália na semana passada.

O documento afirma que em 2007 foram usadas 100 milhões de toneladas de alimentos para a produção de biocombustíveis no mundo, volume que representaria 5% de toda a produção mundial de grãos. Diz ainda que, naquele ano, o número de famintos no mundo ultrapassou pela primeira vez a casa de um bilhão de pessoas.

O que o relatório não menciona é que há mais de um tipo de biocombustível. A agência tem suas razões quando países usam milho, trigo, cevada e sorgo entre outros, para a produção de etanol. Mas não quando a produção de etanol é feita com a cana que tem menor impacto na produção de alimentos. Com relação ao biodiesel, a agência ignora o enorme volume de farelo resultante da extração do óleo, destinado tanto para a alimentação humana, quanto para a animal.

A FAO reconhece em seu documento que a fome no mundo não está sendo causada por falta de alimentos e que o grave problema é a falta de recursos para comprar esse alimento. Supostamente, o uso de plantas para produção de energia faz com os preços dos alimentos suba, diminuindo assim a quantidade que os países pobres podem comprar com mesmo montante de dinheiro.

Contudo, a crise financeira mundial evidenciou ao mundo outros fatores como responsáveis pelo aumento do preço de todas as commodities no ano passado. Alimentos, grãos e óleos vegetais atingiram recordes históricos de preços em 2008 e não existiam fundamentos para alcançarem esses níveis. O mercado estava abastecido, existia oferta e não havia razões para altas acentuadas. O preço do petróleo e os especuladores internacionais, que com apostas especulativas inflacionaram artificialmente os preços, foram determinantes para esse aumento.

Interesses
Lembrando que há cerca de um ano, um jornal de Washington nos EUA, desvendou a ação de um poderoso lobby com o suposto intuito de denegrir a imagem dos biocombustíveis. A agência responsável havia sido contratada pela Grocery Manufacturers Association (GMA) que reúne a indústria de alimentos e bebidas dos EUA. Empresas como Coca-Cola, Nestlé, Procter & Gamble e Unilever. A suposta intenção era que os organismos multilaterais e governos desviassem o foco das atenções sobre as suas responsabilidades pela crise dos alimentos para inimigos reais e imaginários.

Nesse mesmo período, o Correio Brasiliense informou sobre o interesse da indústria mundial do petróleo em “criminalizar os combustíveis verdes pela expulsão da agricultura alimentar, reduzindo assim as colheitas, quando, na verdade, a inflação agrícola resulta do aumento brutal do petróleo e da incorporação ao mercado de consumo de centenas de milhões de consumidores até então marginalizados na China e Índia”.

A FAO ao renovar as críticas depois dos acontecimentos recentes parece ter outros interesses que não estão claros ainda.

Girassol e mamona

A CONAB divulgou na semana passada o décimo relatório de produção de grãos da safra 2008/09 no Brasil, onde informa que o girassol terá uma redução de 36,6% em relação a 2008. Serão apenas 110,5 mil toneladas do produto, uma redução de 50,7 mil toneladas. Com isto o país continuará sendo um dos grandes importadores mundiais de seu óleo para consumo humano, mesmo tendo todas as condições para cultivo.

No mesmo caminho está a previsão de produção de mamona brasileira. Segundo a CONAB a redução será de 26,9% em relação ao ano passado, com uma previsão de produção total de 96,4 mil toneladas. Esta produção não atende as necessidades da ricinoquímica brasileira. O país continuará importando óleo de mamona para atender o mercado interno.

A queda na produção das duas culturas no Brasil é a consequência de falta de políticas públicas de incentivo a seu plantio. O caso da mamona é agravado com o erro de sua inclusão no PNPB.