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[Análise] Problemas da Agrenco chegam em momento delicado


BiodieselBR.com - 30 jun 2008 - 05:04 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:06

A semana começou com a informação da prisão de importantes executivos do grupo Agrenco, entre eles o fundador e ex-diretor-presidente do grupo, Antonio Iafelice. Esta foi uma desagradável notícia para o setor de biodiesel, uma vez que o grupo está concluindo a construção de três usinas de biodiesel que produziriam quase 425 milhões de litros por ano, o que dará  a empresa o segundo maior parque industrial deste biocombustível do Brasil.

Antes mesmo das prisões a Agrenco já vinha sofrendo outro problema, a falta de capital de giro. Alguns fornecedores da empresa não estavam recebendo em dia seus pagamentos e isso já estava prejudicando a imagem da empresa. Com as prisões essa imagem ficou muito pior.

Apesar das prisões não terem relação nenhuma com a produção de biodiesel, ela deve ser afetada. Muitos profissionais qualificados que já estavam preocupados com a solidez financeira de seu empregador, colocaram um pé para fora da empresa assim que souberam das prisões. Muitos já começam a sair da empresa que agora enfrenta dificuldades adicionais para conseguir manter o seu quadro de especialistas na área.

O problema foi agravado na semana anterior ao início do B3, quando a Agrenco iniciava sua produção para entregar o biodiesel vendido nos leilões de abril. A unidade de Alto Araguaia se comprometeu a entregar 39,6 milhões de litros, o maior volume arrematado por uma única usina nestes leilões. Somente no mês que vem, para cumprir seu contrato, a usina da Agrenco terá que entregar 12,75 milhões de litros, volume que nunca foi produzido por qualquer usina em um único mês no Brasil.

Nesse momento a empresa está em uma crise de liderança, já que o diretor presidente, o diretor operacional e o diretor de relações institucionais foram presos. O cargo de diretor de relações institucionais está vago e as outras duas diretorias estão sendo acumuladas por Fábio Russo, que também ocupa a direção comercial da empresa. Será preciso uma diligência especial ao setor de biodiesel para que se consiga produzir todo o biodiesel vendido nos leilões e para que os especialistas contratados para cuidar dessa produção ainda se sintam motivados as trabalhar para a empresa. O êxodo de bons profissionais da Agrenco já começou e se não for rapidamente contido levará muito mais tempo para realinhar a empresa.

A situação só não é pior porque a Louis Dreyfus (que trabalha no Brasil sob o nome de Coinbra) fez uma oferta pelo controle acionário da Agrenco. Com isso a empresa deve solucionar seu problema de caixa e restaurar a confiança com os fornecedores, tanto os de crédito como os de matéria-prima. O problema está na fase de transição. Até o pedido de compra ser aprovado e a nova diretoria assumir plenamente o controle da empresa a produção de biodiesel pode ser prejudicada. Se a produção for realmente afetada durante a transição e não for suficiente para honrar 50% do vendido nos leilões a usina da Agrenco ficará impedida de participar dos próximos leilões.

Para o setor de biodiesel que está querendo se firmar, os problemas da Agrenco não poderiam ter acontecido em pior momento. Além das dúvidas sobre a Brasil Ecodiesel, o início do B3 fazem com que o semestre se inicie com incertezas sobre a capacidade de produção real de biodiesel no Brasil.

A análise desta semana continua na página:

[Análise] Os problemas da Brasil Ecodiesel