Análise Semanal 24.set.07
Frase infeliz
Infeliz, é o mínimo que pode-se dizer da declaração do Ministro da Agricultura Reinolds Stephanes, que “o Paraná não tem vocação para biodiesel”.
Um estado como o Paraná com uma agricultura exuberante, forte, com os maiores índices de produtividade e uma produção diversificada de grãos não tem vocação para biodiesel? Qualquer estado que produza oleaginosas tem vocação para biodiesel. Agora, uma coisa é vocação, outra é produzir biodiesel competitivo. Graças a sua localização os agricultores do Paraná são os que mais recebem por saco de soja. O produtor de soja do Paraná recebe hoje cerca de R$ 10,00 a mais por saco de soja do que seus colegas de Lucas de Rio Verde no Mato Grosso e pagam cerca de R$ 0,20 a menos por litro de diesel. Esta diferença é o custo da logística acrescido da má qualidade das rodovias por onde o produto roda.
Este preço mais alto pago pela soja no Paraná o deixa em desvantagem com os outros estados produtores de oleaginosas, quando considerado o custo de produção do biodiesel. Uma usina de biodiesel deve considerar sua construção em um estado onde se paga um preço menor pela matéria-prima. Por outro lado, o biodiesel produzido nos estados mais distantes dos centros consumidores terão de ser transportados pelas mesmas rodovias que encarecem os grãos. Como será mais caro trazer o biodiesel para o centro consumidor, a diferença paga na matéria-prima pode ser anulada.
Dizer que um estado com enorme produção de oleaginosas não tem vocação para produzir biodiesel, sem uma profunda análise é um descuido. A palavra do Ministro pode desanimar muitos empresários e investidores.
Eventos
O V Congresso Brasileiro de Biossegurança foi realizado nesta semana entre os dias 18 e 21 em Ouro Preto - MG, organizado pela Anbio – Associação Nacional de Biossegurança. Inserido neste evento aconteceu também o Primeiro Seminário de Bioenergia, com o apoio das Nações Unidas.
Durante o evento, José Luiz Ramires, representante da Universidade das Nações Unidas, com sede em Tóquio, explicou que um dos objetivos da Universidade é organizar empresas e governos para que juntos possam levar conhecimento para que sejam desenvolvidos projetos e políticas públicas visando à diminuição dos graves problemas sociais existentes no mundo. A produção de biocombustíveis é vista pela Universidade como uma nova fonte de renda para o trabalhador no campo.
Já a FAO – Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação – está preocupada com a possibilidade da produção de biocombustíveis comprometer a segurança alimentar. E sua participação em eventos sobre bioenergia acontece porque a organização acredita que a discussão é fundamental para o progresso da agroenergia.
Nos dias 19 a 22 também aconteceu em São Paulo o Biodiesel Congress 2007. Foram mais de 30 palestrantes abordando os principais temas que envolvem o setor de biodiesel.
A realização de congressos e seminários sobre biodiesel são eventos de grande importância, já que colocam lado a lado pesquisadores, técnicos e conhecedores do assunto com empresários e futuros investidores em biodiesel, esclarecendo dúvidas, trazendo novos conhecimentos, tendências e inovações tecnológicas. O saldo é sempre positivo.
Análise anterior
17 set
- Biodiesel abaixo da meta do B2.
- Biodiesel clandestino no MT.
- As exportações argentinas de biodiesel.
- Subsídios para o biodiesel.
- Os impostos portugueses.
- Cotações.
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