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Análise da Semana: 17.dez.07


BiodieselBR - 17 dez 2007 - 10:28 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

Análise Semanal 17.dez.07

 

A ANP por meio da resolução 44 mudou a forma de comercialização do biodiesel entre usinas, Petrobras e Refap (Refinaria Alberto Pasqualini). Para a compra dos 100 milhões de litros que servirão como estoque estratégico, não será mais utilizado o sistema de leilões eletrônicos promovidos pela ANP, mas uma concorrência direta organizada pelos compradores, Petrobras e Refap. A ANP alegou questões burocráticas e falta de tempo para realizar este ano os leilões da mesma forma dos anteriores. A Petrobras deverá divulgar nos próximos dias os editais para a concorrência pública de compra de biodiesel.

O sistema de compra das empresas estatais é mais rápido e menos burocrático. A concorrência pública, diferentemente dos leilões, evita a tomada de decisão do vendedor durante o pregão. O vendedor poderá estudar o preço de cada lote com antecedência e fazer a oferta de acordo com seus custos. A expectativa é que com isso os preços não fiquem tão baixos como os do último leilão.

No entanto, o motivo alegado pela ANP para não realizar os leilões demonstra a inabilidade da agência para lidar com o mercado de biodiesel, uma vez que esses leilões já estavam autorizados pelo Ministério de Minas e Energia desde o início de outubro.

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Os 157 milhões de litros vendidos pela Petrobras para as distribuidoras renderam cerca de R$ 300 milhões. Isso equivale a R$ 1,91 por litro. Cinco centavos mais caro do que foi pago nos leilões. Contudo, a Petrobras não informou se nesse preço está embutido o ICMS, ou se o imposto será pago pela distribuidora.


Critérios ambientais e o pinhão-manso
A União Européia anunciará em janeiro de 2008 a adoção de quatro critérios de sustentabilidade ambiental para a importação de biodiesel e etanol.

Um dos critérios será a proibição de compra de biocombustíveis de áreas de floresta. Para isso estão definindo como floresta áreas com mais 20% de cobertura com árvores de cinco metros de altura. Isso já basta para impedir a importação do etanol brasileiro produzido nos cerrados do Centro-Oeste, no Triângulo Mineiro e em toda a Amazônia Legal.

Com a adoção desse critério também ficará inviabilizada a produção de biodiesel de dendê para exportação. A área ideal para o cultivo do dendê está dentro da Amazônia Legal, portanto, em área de preservação pelo critério europeu, que deverá ser preservada.

Talvez esses critérios que serão adotados pela Comunidade Européia contribuam para que grupos europeus procurem áreas para o plantio de pinhão-manso, tanto aqui no Brasil como no continente africano. Neste ano de 2007 já confirmaram investimentos em plantios de pinhão-manso no Brasil, investidores portugueses, espanhóis, ingleses e alemães.

Esses empresários estão vendo no cultivo do pinhão-manso uma boa saída para a exportação do biodiesel. A planta tem boa produção de óleo por hectare (um óleo com características interessantes), pode ser cultivada em áreas degradadas e em áreas onde os cultivos alimentares não são recomendados, e é socialmente correta, segurando o homem no campo com emprego e renda. Dessa maneira, na visão desses empresários, atenderá as exigências sociais, ambientais e de sustentabilidade para o biodiesel que os europeus pretendem exigir.


Bom para os produtores, ruim para as usinas
No segundo Acompanhamento da Safra Brasileira e Intenção de Plantio para a safra 2007/08 divulgado pela CONAB nesta semana, os planos de plantio de mamona e girassol permaneceram iguais ao levantamento anterior: 186,4 mil hectares para a mamona e 110,6 mil hectares para o girassol. O que mudou no terceiro levantamento foi o consumo interno de soja que passou de 31 milhões de toneladas para 33,25 milhões de toneladas, diminuído assim a projeção de exportações de soja em grão de 27,5 para 25,5 milhões de toneladas.

Com um consumo interno de grãos maior, a projeção do consumo interno de óleo de soja também cresceu. Agora serão consumidos 3,8 milhões de toneladas, 150 mil toneladas a mais do que a projeção anterior. A exportação prevista é de 2,15 milhões de toneladas.

Mesmo com essa dança de números, ainda existe um buraco entre a projeção de produção de biodiesel para 2008 e a projeção de consumo de óleo. Pois o crescimento na produção de biodiesel não foi acompanhado pela produção de óleos. E a tendência de preços altos para os óleos vegetais continuará em 2008. Bom para os produtores rurais, ruim para as usinas de biodiesel.


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07 dez

  • Estoques estratégicos de biodiesel
  • Projeção de produção de biodiesel para 2008
  • Novos números da produção de óleo de soja

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