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Análise da Semana: 17.ago.07


BiodieselBR - 17 ago 2007 - 17:33 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

Análise Semanal 17.ago.07


No relatório divulgado pela Brasil Ecodiesel na semana passada, dois itens chamam a atenção. O primeiro é o prejuízo de 13,9 milhões de reais no segundo trimestre, que corresponde a R$ 0,41 por litro de biodiesel produzido no trimestre. Este valor de prejuízo por litro, é o resultado da análise dos números apresentados pela empresa, não leva em conta se houve antecipação de despesas por conta de receitas futuras e nem se houve despesas decorrentes de novos investimentos. O prejuízo apresentado pela Brasil Ecodiesel no segundo trimestre mostra que o preço final do produto precisa atingir outro patamar empurrado pelos preços atuais das matérias-primas.

O segundo diz respeito a quantia de biodiesel disponível para entrega no primeiro semestre de 2007 apresentados pela empresa. A Brasil Ecodiesel afirma ter disponibilizado para retirada a quantia de 111.172 m³, enquanto informou à ANP a produção de 62.688 m³, uma diferença de 48.484 m³.

Essa diferença existe porque ela não representa a produção de biodiesel, mas sim o que deixou de ser produzido por conta do não cumprimento das obrigações da Petrobras. Dessa forma com a não retirada do biodiesel, a Brasil Ecodiesel deixou de produzir 48.484 m³ de biodiesel, o que representaria um acréscimo de 77,34% no total produzido no primeiro semestre.

O Governo Federal, o maior incentivador do biodiesel e maior sócio da Petrobras, precisa impedir que esses problemas logísticos e estruturais impeçam o desenvolvimento do biodiesel no Brasil. O problema da Petrobras com a Brasil Ecodiesel não foi um caso isolado, no passado outras usinas já reclamaram dos atrasos na retirada e recentemente a Granol confirmou o atraso por parte da BR. Problemas como esse atrapalham o andamento das atividades e podem comprometer seriamente quando a obrigatoriedade entrar em vigor.

Custo do Biodiesel


Produtividade da mamona e do girassol
O relatório de agosto da Conab com a estimativa de área plantada e produtividade de vários grãos do Brasil, mostra que a mamona, apesar de ter uma área plantada 11,8% maior em relação a 2006 (165,3 mil hectares no total), a produção nacional crescerá apenas 2,1% (totalizando 106,1 mil toneladas). Em comparação com 2006 há um decréscimo de produtividade de 703 quilos por hectare para 642 quilos. Com esta média nacional de produtividade fica praticamente impossível para o pequeno produtor ter renda, e sem previsão de boa renda o produtor não planta.

Todos os programas feitos pelo governo e amplamente divulgados desde janeiro de 2005 não foram capazes de impulsionar a produção de mamona. A área plantada tem se mantido estagnada em torno de 160 mil hectares. A baixa produtividade é o maior limitador do avanço da mamona e por isso é preciso que haja uma preocupação maior dos órgãos do governo com esse ponto.

Já com o girassol, o aumento previsto na área plantada é de 12,6%, passando de 66,9 mil hectares no ano passado para 75,3 mil neste ano. A produção estimada é de 1.406 quilos por hectare (105,9 mil toneladas), um pouco acima dos 1399 quilos de 2006. Na região Centro-Oeste está concentrada 65% da área plantada de girassol, com pouco mais de 49 mil hectares.

Um dos problemas que o produtor de girassol enfrentou em anos anteriores, era a falta de comprador para sua produção, com isto ele não se arriscava plantando algo que não tinha comercialização certa. Neste ano ocorreu o contrário, houve muita procura de girassol por parte de empresas tanto de biodiesel, como de esmagadoras com finalidade alimentícia. Essa procura deve persistir no próximo ano, com a obrigatoriedade do B2 e consolidação do mercado de biodiesel.


Exportação de grãos
A Ministra da Casa Civil, Dilma Roussef disse em evento no Rio de Janeiro que países importadores de energia poderão impor barreiras comerciais sobre os biocombustíveis para forçar a compra de óleos vegetais in natura de países produtores como o Brasil. Com isto o Brasil passaria a ser um mero fornecedor de produtos primários com menor valor agregado.

Os assessores esqueceram de avisar a Ministra que grandes volumes de soja são exportados in natura há muitos anos. Neste ano deveremos exportar 26,3 milhões de toneladas de soja em grãos, 12,9 milhões de toneladas de farelo e apenas 2,2 milhões de toneladas de óleo. Porque isto acontece? A Lei Kandir de 1996 impulsionou a exportação isentando a soja em grãos do ICMS, mas manteve o imposto nas operações internas, com isso incentivou a exportação de grãos em detrimento a produtos industrializados.

Talvez agora, na carona do biodiesel, nossos legisladores aproveitam e corrigem estas distorções que estão acontecendo e previnam através de leis e aumento de impostos, as futuras exportações de produtos primários para fins carburantes.


Petrobras 2008 - 2012
A Petrobras anunciou nesta semana o plano de negócios para o período de 2008 a 2012. Para o setor de biocombustíveis a empresa projetou investimentos de 1,5 bilhão de dólares, 25% a mais que o plano anterior, que correspondia ao período de 2007 a 2011 e tinha previsão de investimento de 1,2 bilhão de dólares. Deste total previsto para investimentos em biocombustíveis, 29%, (440 milhões de dólares) está destinado ao biodiesel.

A Petrobras pretende em 2012 ter uma capacidade de produção de biodiesel de 938 milhões de litros em usinas próprias. Ou seja, de acordo com este plano de negócios, a Petrobras terá ampliar sua capacidade de produção, todo ano, em 187,5 milhões de litros, um número 9,6% maior que o divulgado no plano anterior (2006-2011).

A Petrobras tem hoje em construção três usinas de biodiesel, em Montes Claros - MG, Candeias - BA e Quixadá - CE, cada uma com capacidade de produção de 57 milhões de litros por ano e início de operação prevista para o primeiro trimestre de 2008. A Petrobras precisará construir mais 13 usinas, com 59 milhões de litros de capacidade para alcançar a produção prevista de 938 milhões de litros.

Caso seja atingida essa meta em 2012, a Petrobras terá produção própria de biodiesel superior ao necessário para os 2% de mistura ao diesel. Isso pode trazer certo temor ao mercado, pois além de ser um grande concorrente, a Petrobras não precisará comprar de outros produtores de biodiesel a quantia que está produzindo. Contudo é provável que a empresa destine boa parte de sua produção a exportação, conforme já indicou em outros momentos.


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10 ago

  • O preço do biodiesel em 2008.
  • Projetos de lei podem mudar o setor de biodiesel.
  • A décima primeira hora.

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