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Análise da Semana: 15.out.07


BiodieselBR - 15 out 2007 - 17:33 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

Análise Semanal 15.out.07

 

Preço do biodiesel nos próximos leilões
O Ministério de Minas e Energia autorizou a ANP a promover quatro leilões de compra/venda de biodiesel. Dois leilões devem acontecer na primeira quinzena de novembro, quando será comprado o biodiesel previsto para a mistura de 2% para todo o ano de 2008. O volume corresponde a cerca de 840 milhões de litros de biodiesel. Outros dois leilões serão efetuados na primeira quinzena de dezembro para a compra de aproximadamente 420 milhões de litros de biodiesel. Estes dois últimos leilões visam atender o aumento da mistura em mais 1%, facultando assim o B3 já em 2008. A entrega dos leilões de dezembro deverão ser feitas entre fevereiro e julho de 2008.

As empresas vencedoras dos lotes ofertados se comprometerão a efetuar entregas mensais regulares, visando abastecer as distribuidoras de acordo com a necessidade de mistura obrigatória.

Previsão de preços a serem praticados
O preço a ser praticado no leilão é uma dúvida hoje. A ANP deverá divulgar nos próximos dias a regulamentação e datas dos leilões e, se seguir o modelo dos leilões anteriores, divulgará o preço máximo a ser praticado. E este será o grande problema. Qual será o preço máximo que a ANP estabelecerá para os próximos leilões?

Se tomarmos como base o preço da matéria-prima e o preço do biodiesel nos primeiros quatro leilões de biodiesel em 2006, veremos que foi pago R$ 0,67 centavos a mais pelo biodiesel.

Esse diferencial é a média dos primeiros quatro leilões, onde o preço do óleo de soja se manteve em torno de R$ 1,10 por litro e o preço do biodiesel nesses leilões foi em média R$ 1,77.

Usando o mesmo diferencial de R$ 0,67, teremos um preço final para o biodiesel de R$ 2,67 por litro que poderá servir como valor de referência para os próximos leilões.

  Quanto custava o óleo de soja Quanto foi pago pelo biodiesel Diferencial
Leilões passados R$ 1,10 R$ 1,77 R$ 0,67
Leilões futuros* R$ 2,00 R$ 2,67 R$ 0,67
*Projeção

O sucesso ou o fracasso dos próximos leilões dependerá exclusivamente da ANP. Se a Agência fixar preços máximos abaixo do custo afugentará os vendedores e novos leilões terão de ser programados até completar o volume de biodiesel necessário para a obrigatoriedade em 2008. Se a ANP sinalizar preços mais altos demonstra que entende o momento que o setor atravessa, momento em que precisa de incentivo, no caso, um preço melhor.

O biodiesel vendido nos leilões terá de se entregue ao longo de 2008, um pouco a cada mês e a preço fixo. Como o preço da matéria-prima pode subir no decorrer do ano, as usinas que não quiserem correr riscos precisarão fazer hedge do volume vendido. No Brasil a BM&F não trabalha com óleos vegetais. A melhor opção para as usinas será cobrir suas posições de biodiesel vendido comprando óleo na bolsa de Chicago com liquidações de compras nos mesmos prazos de entrega do biodiesel. Isto garantirá às usinas fixarem antecipadamente suas margens de lucro.

O governo optou por estender por mais um ano a centralização de compras e a distribuição de biodiesel pela Petrobras por entender que o mercado não está suficientemente maduro para ser liberado e andar com as próprias pernas. Com isso atenuam-se problemas de concorrência predatória entre usinas e concentra-se na Petrobras e suas subsidiárias Transpetro e BR Distribuidora a responsabilidade de distribuição da mistura B2 no território nacional.

Concorrência
Essa nova rodada de leilões deverá ser encarada com muito mais seriedade e competitividade do que nos leilões anteriores. Agora as multas por falta de entrega serão bem maiores, o uso do B2 será obrigatório e mais empresas de grande porte estão prontas para participar.

As usinas produtoras de biodiesel sabem que os leilões são o melhor lugar para vender sua produção de 2008 e que sair com uma grande quantidade de biodiesel vendido garantirá um bom resultado em 2008. Contudo, a concorrência será grande e o volume ofertado maior do que o comprado. Apenas os menores preços terão espaço. Por isso quem tiver um menor custo de produção poderá vender uma quantidade maior.

Empresas como a Granol e a Caramuru, por trabalharem com soja há bastante tempo, tem vantagens logísticas na obtenção da matéria-prima e por conseqüência um menor preço. Já a Bertin tem uma enorme vantagem por utilizar o sebo bovino, que hoje é a matéria-prima mais barata para se produzir biodiesel. Já a Brasil Ecodiesel, nas usinas do Nordeste, tem um custo adicional de transporte da matéria-prima até as usinas que aumenta o valor do produto final. Além do custo da matéria-prima ainda deve ser levado em consideração o custo de produção do biodiesel. Um processo produtivo com boa tecnologia pode reduzir os centavos que farão a diferença no leilão.

De qualquer forma, o melhor resultado para o Programa Brasileiro de Biodiesel será a pulverização das vendas em um maior número possível de empresas. Esse resultado traria uma maior garantia da entrega do biodiesel comprado, pois um eventual descumprimento do contrato por parte de uma empresa não comprometeria o fornecimento do B2.


Registro do Crambe
Com o registro do crambe como cultivar autorizado pelo Ministério da Agricultura à Fundação MS do Mato Grosso do Sul, o produtor de soja tem mais uma opção de cultivo para a safrinha. O crambe é plantado no Centro-Oeste após a colheita da soja. Pelas pesquisas da Fundação MS realizadas até agora a planta correspondeu às expectativas quanto ao ataque de pragas e doenças e à produtividade.

Por ser uma cultura de baixo custo e por não exigir muita água após seu estabelecimento, o crambe deverá ocupar nos próximos anos grandes área de plantio. Somente no Mato Grosso do Sul estão previstos plantios superiores a 30 mil hectares já no próximo ano.

A importância do crambe dentro do contexto agroenergético brasileiro, principalmente na agricultura mecanizada, está na rapidez da cultura. Em menos de quatro meses o crambe é plantado e colhido atendendo perfeitamente o imediatismo ao qual o produtor rural brasileiro está acostumado. Além disso, com o crambe o produtor passará a usar áreas agrícolas que antes não tinha opções de cultivos no período de março a outubro.

Com essa planta, o setor de biodiesel começa a sair da dependência da soja e do preço internacional do óleo criando um mercado específico com preço determinado pelo preço final do biodiesel.


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