PUBLICIDADE
CREMER2024 CREMER2024
analises

[Análise] O preço máximo do leilão


BiodieselBR.com - 11 ago 2009 - 13:45 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:09

O 15º leilão de biodiesel já tem definido o preço máximo de R$ 2,30 por litro para as ofertas das usinas. Foi a primeira vez que a ANP estipulou o preço junto com o edital. Apesar de ser positivo para as usinas terem o preço de referência do leilão antecipadamente, é negativo o fato do valor ficar congelado por cinco meses (dois meses antes de começarem as entregas e três meses para cumprir a venda), pois as oscilações do preço da soja trazem insegurança.

Assim, a ANP tem que antecipar qual será o preço do óleo de soja e do dólar dentro de dois meses e como eles se comportarão nos três meses seguintes. É um trabalho dificílimo e que a ANP não informa como realiza.

Mas é preciso fazer justiça, pois até o presente momento esse sistema não deu errado. Em todos os leilões, com validade de três meses, as variáveis se mantiveram as mesmas ou diminuíram de valor. Mas é difícil acreditar que isso ocorreu por conta do cálculo da ANP. Ninguém tinha como saber que o dólar iria disparar nos últimos três meses do ano passado e que em compensação a cotação da soja despencaria. Assim como não era possível ter certeza que o dólar cairia no último trimestre.

O mesmo acontece com as perspectivas desses preços para o 15º leilão. Existe, obviamente, uma tendência, mas que para se concretizar depende de uma infinidade de variáveis que estão fora do controle de todos os envolvidos.

E é exatamente esse risco que preocupa as usinas. Elas precisam definir os valores de venda agora sem saber quanto pagarão por sua matéria-prima. Os custos com hedge e outros métodos financeiros de proteção são muito caros nos volumes negociados no leilão. E não se pode dizer que isto faz parte do risco do negócio, quando é possível diminuí-lo consideravelmente.

Já está na hora da fórmula de precificação do leilão ser alterada. A insegurança para as usinas é grande, assim como será o dano causado na imagem do setor se novamente houver problemas de entregas de biodiesel vendido.

Um preço que seja atrelado à variação do dólar e da soja no mercado internacional pode ser uma alternativa. E uma alternativa boa para todos, pois se isso tivesse sido aplicado nos últimos leilões, as distribuidoras teriam pago um preço menor pelo biodiesel e as usinas teriam tranqüilidade sabendo que o lucro estaria garantido.

---------------------------------------------------------
Troca de compradores
A produção de mamona e girassol no Ceará que antes estava destinada a Brasil Ecodiesel e agora foi comprada pela Petrobras Biocombustíveis pode parecer ruim para o setor, mas não é.

Esse fato mostra que o setor de biodiesel está amadurecendo no país. Em qualquer cadeia do agronegócio sempre existiu troca de compradores, por problemas pontuais ou dificuldades mais sérias. No caso da Brasil Ecodiesel de Crateús a usina não vendeu biodiesel nos leilões da ANP e não tinha interesse em adquirir aqueles grãos. Independente do mérito da Ecodiesel, essa mudança mostra que há quem está produzindo matéria-prima para o biodiesel e estes não ficarão sem ter para quem vender.

No Mato Grosso ou no Rio Grande do Sul tal situação não acontece, pois existem muitas outras opções para o produtor rural e dificilmente o assunto ganha grande proporção.

Tags: L15