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Análise Semanal 04.abr.08
Expectativa para os leilões
Os próximos leilões marcados para os dias 10 e 11 de abril, onde serão negociados 330 milhões de litros, serão determinantes para algumas usinas. Com a nova modalidade de leilões, sem lances sucessivos, as usinas farão na primeira fase uma oferta de quantidade e preço, os vencedores dessa fase, passarão para a segunda etapa cabendo a usina a possibilidade de diminuir apenas o preço se assim o desejar.
O futuro do biodiesel dependerá fortemente dos valores dos próximos leilões. Algumas usinas que não conseguirem vender a preços que lhe dêem alguma margem serão obrigadas a paralisar sua produção por tempo indeterminado.
Não existe motivo para as usinas jogarem lá embaixo o preço do biodiesel no próximo leilão. Serão comercializados 330 milhões de litros para entrega nos meses de julho, agosto e setembro. Há espaço para todos. A Brasil Ecodiesel com uma capacidade trimestral de 160 milhões de litros, poderá vender somente 80% desse volume, ou seja, no máximo 128 milhões de litros. E a Caramuru, que tem uma capacidade instalada de 112,5 milhões de litros por ano, poderá vender nos próximos leilões 22,5 milhões. Isso quer dizer que mesmo que uma usina ofereça um preço muito baixo e venda o máximo de biodiesel que puder, ainda haverá muito biodiesel para as outras usinas venderem.
Todos os envolvidos no setor esperam que os leilões de abril se transformem no divisor de águas e que a partir dessa data produzir biodiesel passe a ser rentável, único ingrediente para garantir o futuro, deixando com isto de subsidiar o PNPB.
A Queda da Soja
A boa notícia do mês de março para o setor de biodiesel foi a forte queda das cotações do óleo de soja na bolsa de Chicago. Caíram 25% e estão no mesmo patamar do início de janeiro.
Mas isto não quer dizer que os fundamentos econômicos foram alterados. A forte queda nos preços foi influenciada pelas previsões de um aumento de área plantada com soja nos Estados Unidos e a conseqüente diminuição de área de milho. O produtor americano antes de efetuar o plantio analisa o mercado de soja e de milho. Se a relação de preços estiver acima de dois bushel de milho para um de soja, ele aumenta o plantio de soja. Foi essa tendência que o USDA detectou em seu relatório. O levantamento de intenções de plantio americano foi efetuado num período que o preço da soja estava com uma relação acima de 2,7 bushel de soja para um de milho, portanto muito favorável à soja. Se persistirem a queda nos preços da soja, bem como o aumento do preço do milho e a relação se aproximar dos dois bushel de milho para um de soja, o produtor americano poderá mudar de idéia e plantar mais milho. Isto já ocorreu no plantio do ano passado, quando houve um aumento significativo no plantio de milho entre o relatório do USDA de março e de julho.
Como os fundamentos do preço do complexo soja não se alteraram (as condições de demanda continuam firmes), essa baixa pode ser passageira. Contudo nos primeiros dias de abril a bolsa de Chicago trabalhou com preços menores que os de março, o que favorece as usinas de biodiesel brasileiras que podem fazer seguro (hedge) da matéria-prima para garantir o preço do biodiesel vendido nos próximos leilões.
Embora a crise americana esteja provocando uma desaceleração econômica naquele país, a demanda mundial por alimentos continua crescendo puxada pela Ásia, os estoques mundiais estão baixos e a demanda por milho em alta. Uma diminuição da área a ser plantada com milho nos Estados Unidos afetará o baixo estoque do grão e conseqüentemente empurrará o preço para cima. Subindo o preço do milho, o da soja, no mínimo, não recuará.
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