Biodiesel vs. Petróleo: alternativa para o meio ambiente
Esta reportagem continua:
- 01 Alternativa para o meio ambiente
- 02 Continuação
- Disponível apenas impresso:
- 03 Fotos
- 04 Box: Acidentes petróleo
- 05 Box: Acidentes biodiesel
No entanto, algumas iniciativas isoladas são realizadas para mitigar os efeitos nocivos da extração de petróleo ao meio ambiente do Brasil. Segundo o vice-coordenador da rede, Gil Farias, a missão da Recupetro é “encontrar alternativas para contornar impactos pontuais da exploração de gás e petróleo dentro da floresta”.
A Recupetro recebe R$ 1 milhão por ano do Ministério da Ciência e Tecnologia para contribuir com avanços tecnológicos e auxiliar nos impactos ambientais causados pela atividade da indústria petrolífera, um valor pequeno considerando o trabalho que realiza, salienta Farias. Segundo o vice-coordenador, o modelo da Petrobras nas regiões Norte e Nordeste é bem estruturado, e por este motivo os impactos são concentrados em pequenas áreas, mas são muito profundos. “Retira-se uma camada profunda do solo. A gente testa várias espécies para reflorestar depois que termina a fase de exploração, mas nem sempre dá certo”. Na região da Amazônia, a recuperação das áreas utilizadas na exploração de gás e petróleo pode demorar de 40 a 50 anos para ser efetivamente concluída. A Recupetro tem pesquisado formas para acelerar esse processo.
Quando o assunto é biodiesel, a coordenadora de Meio Ambiente da ANP Lúcia Gaudêncio, destaca a preocupação com as áreas necessárias para o desenvolvimento das matérias-primas, como soja, palma, dendê, entre outras. “A preocupação é de que áreas de vegetação naturais não sejam devastadas para a plantação de monoculturas.” E acrescenta: “Outro ponto relevante é a questão da destinação dos subprodutos gerados no processo, como a glicerina”.
Notavelmente, os acidentes envolvendo a cadeia produtiva do biodiesel são menos frequentes e com danos ambientais de menores proporções (veja box). As multas aplicadas seriam as previstas na Lei de Crimes Ambientais, além da obrigação de reparar o meio ambiente e da possibilidade do poluidor responder também na esfera criminal, aponta o Departamento de Meio Ambiente da Felsberg e Associados.
Já a coordenadora de meio ambiente da ANP, ao comparar os danos ambientais causados pelos setores de petróleo e biodiesel, destaca as vantagens dos biocombustíveis: “Entendo que o ganho significativo do biodiesel em relação aos combustíveis fósseis é a diminuição das emissões atmosféricas. No caso do biodiesel, o balanço das emissões é bem menor em função do replantio, apresentando um balanço de emissão/absorção do CO2 zero. Vale ressaltar que a cadeia do petróleo é mais extensa, gerando um número maior de derivados e produtos com diversas finalidades.”
Emissões
Quando o assunto é a contribuição para a mitigação do efeito estufa, o escritório especializado em legislação ambiental trata o assunto com muita cautela: “Com relação à contribuição para as mudanças climáticas, o uso de combustíveis fósseis ainda representa um grande desafio para a humanidade, sendo o maior responsável pelo aquecimento global em termos mundiais. O biodiesel tem um potencial ainda incipiente para equacionar esta questão”.O fato é que os grandes centros urbanos são as regiões que mais sofrem com os impactos ambientais causados pela emissão de poluentes oriundos principalmente da queima de combustíveis fósseis. E, segundo a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA, na sigla em inglês), a situação pode ser melhorada com a substituição gradual dos derivados de petróleo pelos biocombustíveis. Recentemente, a agência reconheceu o potencial do biodiesel em reduzir as emissões de poluentes, calculando uma redução de 57% nas emissões de CO2 em comparação ao diesel.