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Óleo vegetal natural: motores


BiodieselBR.com - 21 jul 2007 - 11:05 - Última atualização em: 20 jan 2012 - 10:21
No motor
Um dos problemas que o país teria de enfrentar para difundir o uso do óleo vegetal seria o grau de viscosidade desse tipo de material, mais alto do que nos combustíveis tradicionais. “Nos resultados mais importantes, nossos estudos apontaram a temperatura e a viscosidade do óleo como os principais empecilhos ao adequado desempenho dos motores avaliados”, afirma José Fernando Schlosser, agrônomo da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Schlosser já estudou longamente o uso de óleo vegetal cru como combustível, inspirado no uso que agricultores gaúchos fazem desse material para reduzir custos com óleo diesel.

“Cabe ressaltar que a viscosidade elevada [do óleo vegetal] pode ser ao mesmo tempo um fator positivo e negativo”, ensina Schlosser. “Positivamente, é desejável até certo ponto, pois diminui as perdas de pressão no sistema de injeção. Todavia, o óleo vegetal de soja, na temperatura ambiente, apresenta uma viscosidade muito maior nacomparação com o óleo diesel de origem fóssil.

“Isso pode proporcionar menores valores de torque e potência e maiores valores de consumo de combustível em motores de ciclo diesel”, afirma. A viscosidade alta também pode afetar a nebulização do combustível no momento da injeção, além de prejudicar a mistura entre combustível e ar, acarretando má combustão, de acordo com o professor.

Há soluções possíveis para isso? Sim. E uma delas parece bastante simples. “Para baixar a viscosidade, basta aquecer o óleo vegetal”, afirma Thomas Fendel. O calor reduz o problema da viscosidade e faz o motor funcionar melhor. Para garantir esse pré-aquecimento, alguns técnicos propõem que a melhor saída é a inclusão de um adaptador junto ao motor do veículo. A transformação custaria de R$ 1 mil a R$ 20 mil, dependendo de vários fatores.

“Basicamente, os kits aquecem o óleo vegetal com a própria água quente do motor. Existem kits chamados de um tanque e outros de dois tanques. No kit de dois tanques, um dos tanques é pequeno e tem diesel, que serve apenas para ligar, aquecer e desligar o motor”, afirma Fendel. A grande vantagem do kit é que ele é instalado no tanque, mas não faz qualquer alteração no motor.

Existe quem seja contra os adaptadores, no entanto. “Não acredito que adaptações possam ser a solução, e sim a utilização de tecnologia avançada desenvolvida pelos próprios fabricantes de veículos e máquinas diesel”, afirma Sylmar Denucci. Ou seja, a saída estaria não em adaptar o motor, mas sim em fazer um motor especificamente desenhado para esse tipo de solução.

Ainda dentro do motor, outro problema ressaltado por Schlosser são as emissões, principalmente as de acroleína. “É um aldeído insaturado que sob elevadas concentrações pode ser prejudicial aos seres vivos e que relaciona-se à presença de glicerina na composição destes óleos e à formação de resíduos dentro da câmara de combustão e no cárter, contaminando o óleo lubrificante”, diz.

O motor diesel movido a óleo vegetal também apresenta maior consumo de combustível. “A pesquisa disponível demonstra que as diferenças de desempenho são mínimas quando o equipamento utilizado é adequado”, afirma Denucci. Mas Schlosser não é tão otimista. “Um dos indicadores de desempenho do motor mais afetados pelo uso de óleos vegetais é, sem dúvida, o consumo de combustível. Ocorre um aumento no consumo de combustível quando se utiliza o óleo vegetal puro, sendo que esta situação agrava-se em situações de baixas temperaturas do combustível utilizado. Neste contexto, a mistura desses óleos com porcentagens de óleo diesel e, principalmente, a elevação da temperatura dos mesmos pode trazer melhores resultados no que tange aos valores de potência e torque, proporcionando também a redução dos valores de consumo de combustível”, avalia.