Cinética: Mais investimentos; Inauguração indefinida; Pouca saída e banqueiro
Por Miguel Angelo Vedana
Mais investimentos
O anúncio de construção da fábrica de metilato
de sódio da DuPont foi surpresa para muita
gente. E não era para menos. Além de fazer
uma parceria com uma conceituada produtora
de biodiesel, a Bertin/JBS, a empresa garantiu
que a fábrica estaria pronta até o mês de julho
com uma produção de até 60 mil toneladas
por ano. Mas além de surpresas, o anúncio
também trouxe algumas desconfianças.
Uma delas é em relação à data de conclusão da
fábrica, pois seis meses é um tempo bastante
curto para colocá-la em operação e há certa
dúvida sobre a concretização desse prazo. Contudo,
quem conhece as instalações da Bertin
em Pirapozinho, onde a fábrica será instalada,
diz que as alterações necessárias são pequenas
e que provavelmente antes de julho tudo já
esteja funcionando. A capacidade informada de
60 mil toneladas/ano está um pouco inflacionada:
este ano a capacidade não deve chegar à
metade disso, o que daria uma produção de 15
mil toneladas até dezembro. A produção será
feita por batelada, diferentemente da usina da
Basf, que produzirá de maneira contínua.
Outra dúvida é com relação à distância da produção
até o porto. Como as matérias-primas
do metilato (o metanol e o sódio metálico) são
importadas, o frete pode vir a pesar no preço
final, já que Pirapozinho fica a pouco mais de
600 quilômetros de Santos.
Além disso, a JBS soltou um comunicado ao
mercado minimizando o anúncio da fábrica. No
texto, a empresa chega a dizer que “os baixos
valores envolvidos na operação não justificam,
no entendimento da companhia, fato efetivamente
relevante”. Com todos essas arestas,
fica fácil entender o porquê das desconfianças
sobre o projeto.
Inauguração indefinida
De todas as usinas que estão em construção, a Bionasa é uma
das que está mais próxima de ser concluída. Ao mesmo tempo,
é uma das que deve demorar mais tempo para começar
a produzir. Informações de mercado indicam que problemas
relacionados com capital estão impedindo que a obra seja
concluída. Por enquanto, a usina segue sem prazo estabelecido
para início de funcionamento. E ao contrário dos boatos
que circulam no setor, o relacionamento da empresa com a
construtora Dedini é muito bom.
Pouca saída
Janeiro era aguardado com muita ansiedade por todas as usinas.
Era o mês de estréia do B5 e as usinas queriam superar
seus recordes de produção. Entretanto, as retiradas de biodiesel
ficaram abaixo da expectativa. Algumas usinas tiveram
retirada de apenas 75% do previsto. Esse volume que não foi
retirado em janeiro poderá ser retirado em fevereiro ou março.
Contudo, as usinas acreditam que essa diferença só será
entregue em março, pois fevereiro tem 28 dias e o Carnaval
no meio. Pelo jeito, assim como tudo o mais no Brasil, o ano
só começa mesmo depois do Carnaval.
Usina de banqueiro
A distribuidora Petrosul, dona da usina de biodiesel Bioverde,
foi vendida para a Cosan na metade de dezembro. Como a
usina de biodiesel não entrou no negócio, a Bioverde continua
sendo de Laércio Pereira, mas não integralmente. Segundo
o próprio Láercio, ele agora tem um banqueiro como
sócio. É preciso ficar de olho no interesse de banqueiros pelo
setor de biodiesel. Esmagadoras interessadas é perfeitamente
compreensível; agora, banqueiros investindo no setor é só
quando o negócio começa a ficar muito bom.