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Fim dos leilões de biodiesel: o que não se vê


BiodieselBR.com - 19 fev 2007 - 13:20 - Última atualização em: 20 jan 2012 - 10:45
O que não se vê
Mas nem todos os elogios do mundo colocam os leilões acima do bem e do mal. Um de seus efeitos colaterais menos virtuosos é reduzir tudo a uma questão de preço. O atual modelo não deixa aos produtores nenhuma outra estratégia de competição que não seja a de baixar em alguns centavos sua oferta inicial. Fatores competitivos, como a localização das usinas – que poderia baratear o frete ou mesmo garantir mais segurança de entrega no entorno de cada fábrica –, modelos de negócio diferenciados ou a qualidade premium do produto são sumariamente ignorados.

A Bioverde, de Taubaté (SP), que o diga. Ela foi fundada em setembro de 2006 por um grupo empresarial que também é dono da distribuidora paulista Petrosul, e havia um evidente potencial de integração vertical entre esses dois negócios. Contudo, conforme explica o diretor comercial da companhia, Alexandre Pereira da Silva, por causa da forma como o sistema de leilões e releilões foi elaborado, a Petrosul nunca conseguiu comprar um único litro de biodiesel produzido por sua subsidiária. “A Petrosul gostaria de comprar da Bioverde, mas como há um mapa logístico que define para onde as usinas devem mandar sua produção e acaba que a Bioverde não pode vender para São Paulo. A gente não entende o motivo dessa decisão, mas como o nosso biodiesel está sendo vendido, não acho que temos do que reclamar”, diz o diretor.

FOB x CIF
Os problemas de logística têm sido evitados de forma artificial graças à adoção do modelo FOB nos leilões (veja box). Por esse motivo, vem ganhando força no mercado a idéia de que seria importante passar os leilões para a modalidade CIF o quanto antes.

Quem anda defendendo publicamente essa transição é o presidente da Petrobras Biocombustíveis, Miguel Rossetto. “Esta é outra reflexão que deve ser feita sobre o programa de biodiesel, que é justamente a manutenção ou não de um leilão FOB nacional. Temos que refletir sobre a possibilidade de migrarmos para um leilão CIF nacional”, disse em entrevista concedida ao portal BiodieselBR.com em junho passado.

O diretor geral da Fertibom, Geraldo Martins, sequer considera que essa seja uma “questão polêmica”. “Acho importante a passagem do FOB para o CIF, mas essa é uma questão que não pode surgir isolada de uma discussão mais profunda sobre os investimentos em logística nos pólos de distribuição de combustível. A tancagem em algumas dessas bases é pequena e esse é um fator que precisa ser solucionado”, ressalta. “Se é para fazer CIF, vamos fazer CIF para onde?”, questiona.

Carlos Orlando Silva, da ANP, confirma que a mudança do regime de frete é um dos muitos pontos elencados para um estudo mais pormenorizado por parte dos técnicos da agência e do MME. “Mais para frente podemos até ter novidades nessa linha”, informa, destacando contudo que não há certeza sobre a mudança.

Leilões eletrônicos
Rumores de que alguma mudança seria feita nos leilões de biodiesel estavam circulando no mercado, mas poucos acreditavam que ela viria a tempo do 17º pregão. No dia 2 de fevereiro, o Ministério de Minas e Energia publicou uma portaria alterando a modalidade dos leilões de presencial para eletrônico.

Esta alteração aprimora o modelo de comercialização e é uma evolução natural desse sistema. “Vimos que o modelo anterior estava começando a se exaurir, com deságios cada vez menores e concentração das ofertas”, diz o diretor do Departamento de Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia, Ricardo Dornelles.

Ainda é uma incógnita saber como o mercado vai se comportar com a volta dos leilões eletrônicos, mas a expectativa é que a concorrência seja maior, com impacto direto no preço do biodiesel.