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Biodiesel na Amazônia: solução ou ameaça?


BiodieselBR.com - 17 mar 2009 - 07:22 - Última atualização em: 23 jan 2012 - 09:50
Muito se fala do potencial da Amazônia para a produção de biodiesel. A questão é controversa e divide opiniões de governo, ambientalistas, produtores e pesquisadores

Maristela do Valle, de São Paulo

Tudo que envolve a Amazônia é muito polêmico e grande. Todo mundo se acha meio dono da maior floresta tropical do mundo, todos querem dar sua opinião sobre o futuro e os métodos de garantir a sua preservação. Por isso falar de produção de biodiesel nesse ecossistema é tão delicado. Preservar ou conservar? Pode parecer a mesma coisa, porém os dois conceitos diferem para os especialistas em ecologia. Preservar a floresta significa não tocar nela. Já a conservação pressupõe o aproveitamento de bens e recursos para fins econômicos ou de subsistência, mas com a preocupação de recompor as áreas já degradadas e de resguardar aquelas intocadas, o chamado desenvolvimento sustentável.

Muitos enxergam o grande potencial desse ecossistema para a produção de biodiesel a partir do dendê, que poderia ser cultivado em áreas degradadas. A palmácea é versátil economicamente. Além do biodiesel, é utilizada na produção de alimentos (incluindo margarinas sem gordura trans), plástico biodegradável, aditivos, rações animais com elevado valor protéico, cosméticos, entre outros produtos. Seus galhos e bagaços, quando queimados, geram energia para produção de vapor, que por sua vez é utilizado no processamento da matéria-prima. Os cachos, após a retirada dos frutos, também podem retornar à plantação para protegê-la.

No time dos que defendem os benefícios ecológicos do dendê estão os pesquisadores da Embrapa Ricardo Leite (da Embrapa Ocidental, com sede em Manaus) e Marcos Enê Chaves Oliveira (da Embrapa Oriental, com sede em Belém). Segundo eles, o dendezeiro evita a erosão e a lixiação do solo (perda de importantes nutrientes, que são removidos com a água da chuva), abaixa a temperatura do solo em cerca de 5o C, diminui a taxa de radiação solar direta, cresce rapidamente, tem grande capacidade de fixar carbono, exige baixa mecanização (não demandando muito combustível fóssil e conseqüentemente evitando a emissão de gás carbônico) e ainda ajuda a fixar na região a mão-de-obra ligada à sua produção, evitando o deslocamento de agricultores de um lado para o outro. A agricultura itinerante é uma das grandes causas da devastação das matas tropicais.