Editorial: A produção de biodiesel
A discussão em torno da antecipação da mistura obrigatória
se intensifica sempre que a capacidade das usinas ultrapassa
largamente a necessidade do mercado, definida
pelo governo através da mistura obrigatória e colocada
em prática pelos leilões. Há cerca de um ano foi assim e hoje a
história se repete. Desta vez sem o canibalismo entre as empresas,
mas com a mesma necessidade de garantir a consolidação
do setor.
A capacidade real de produção das usinas já oferece plenas
condições para o B5 no início de 2009, no entanto a inadimplência
das usinas é motivo de preocupação e adia incrementos
na mistura do biodiesel no diesel. Mas o governo precisa entender
que o setor ainda carece de uma base mais sólida, e neste
momento equilibrar a oferta e a demanda contribuirá para evitar
futuras inadimplências e ajudará no desenvolvimento das
empresas que apoiaram o programa de biodiesel.
Mais detalhes sobre a situação atual da produção de biodiesel
no Brasil você pode conferir na reportagem de capa desta
edição.
Outro assunto que necessita de apoio do governo federal
é o incentivo à reciclagem do óleo de cozinha. Esse é um dos
raros casos onde os benefícios acontecem em diversas áreas e
todos saem ganhando. A começar pelo óbvio aspecto ambiental,
são milhões de litros que podem deixar de ir para a rede
de esgoto para virar combustível. Depois temos os benefícios
sociais, com a geração de empregos nos grandes centros urbanos,
e por fim as vantagens econômicas, em virtude da matéria-
prima barata e abundante.
O governo parece não ver dessa forma e reluta em iniciar
uma campanha nacional incentivando a reciclagem. Enquanto
isso, as iniciativas são pequenas, regionalizadas e sem fôlego
para crescer.
Por Julio Cesar Simczak Vedana
Diretor de Redação