BiodieselBR.com 03 nov 2020 - 15:19 - Última atualização em: 04 nov 2020 - 12:12

Pioneira da tecnologia de degomagem enzimática no Brasil, a Novozymes está lançando uma nova geração de soluções voltada à indústria nacional de óleos vegetais

Embora esbanje juventude – ela está completando 20 anos –, a Novozymes é, na verdade, uma veterana com quase um século de experiência acumulada. Criada a partir da divisão do grupo farmacêutico de origem dinamarquesa Novo Nordisk, a empresa assumiu um portfólio de soluções biológicas voltados ao setor industrial que foi aprimorado ao longo de várias décadas.

Resumidamente, enzimas são proteínas produzidas pelos seres vivos que servem como catalisadores naturais, sendo a ferramenta que a natureza encontrou para a otimização de reações químicas. O trabalho da Novozymes é justamente procurar por essas soluções. No ramo de óleos vegetais, a empresa oferece soluções para a degomagem do óleo bruto que são capazes de aumentar o rendimento dos processos em até 2,5%.

Para saber um pouco mais sobre a presença da empresa no Brasil BiodieselBR.com conversou com o gerente comercial da empresa, Roberto Simas.

BiodieselBR.com – O que a Novozymes faz?

Roberto Simas – A Novozymes é uma multinacional de origem dinamarquesa que se dedica à biotecnologia. Somos líderes mundiais no desenvolvimento de soluções de origem biológicas para uso industrial. São produtos que têm seu desempenho aprimorado junto com nossos parceiros e clientes. Temos um portifólio de produtos bastante diversificado que conta, além de enzimas usadas nos setores de couro, têxtil, de detergentes, alimentos, bebidas e bioenergia, também com microrganismos, como, por exemplo, as leveduras utilizadas na indústria de etanol. A expertise da Novozymes é identificar microrganismos na natureza que produzam enzimas com as características exatas para resolver grandes problemas industriais.

BiodieselBR.com – A empresa é relativamente nova, não?

Roberto Simas – Como Novozymes, nossa história começa no ano 2000. Foi nesse ano que o grupo Novo dividiu suas operações entre Novo Holdings, [a farmacêutica] Novo Nordisk e a Novozymes. Nesse momento já nascemos com um portfólio bastante sólido de enzimas, construído ao longo de décadas de desenvolvimento.

BiodieselBR.com – Quando a empresa passou a atuar no mercado brasileiro?

Roberto Simas – A nossa fábrica e sede para a América Latina está localizada na cidade de Araucária, que faz parte da Região Metropolitana de Curitiba. Embora tenha sido inaugurada em 1989, nós já atuávamos na região até antes disso.

BiodieselBR.com – Quais os principais segmentos de atuação da Novozymes no país?

Roberto Simas – Temos uma atuação bastante diversificada, mas os nossos principais negócios no Brasil estão atualmente alocados em aplicações como detergentes, alimentos e bebidas e bioenergia.

BiodieselBR.com – A Novozymes foi uma das pioneiras no fornecimento de soluções para degomagem enzimática. Quando vocês começaram a trabalhar nesse segmento?

Roberto Simas – Aqui no Brasil há pouco mais de 10 anos, mas as nossas soluções já estavam presentes no mercado de óleos e gorduras em outras regiões bem antes disso. Na metade dos anos 90 já atuávamos com produtos da marca Lecitase na Europa, por exemplo.

BiodieselBR.com – Quais as vantagens da degomagem enzimática sobre os processos convencionais?

Roberto Simas – Principalmente mais rendimento, ou seja, com a mesma quantidade de matéria-prima é possível produzir mais óleo acabado. Isso acontece tanto pela maior conversão das gomas presentes no óleo bruto em óleo degomado, quanto pela diminuição das perdas causadas pelo arraste de óleo na fase de separação. Essa redução nas perdas e a maior produtividade se traduzem em maior lucratividade para os clientes que optam pela rota enzimática. Há outros benefícios como a redução da viscosidade da goma, eliminação de saponificáveis, além de coprodutos de maior valor comercial como tocoferol e ácidos graxos livres, mas estes dependem muito das peculiaridades da operação industrial de cada cliente.

BiodieselBR.com – Como tem sido a receptividade do segmento de esmagamento e produção de óleos vegetais à essa nova tecnologia?

Roberto Simas – Muito positiva! Temos crescido significativamente ano a ano e os clientes em geral demonstram grande satisfação com o rápido retorno do investimento, com a eficiência e a praticidade da operação, além da validação dos benefícios esperados.

BiodieselBR.com – Recentemente a Novozymes lançou no mercado brasileiro uma nova linha de enzimas. Quando elas foram desenvolvidas?

Roberto Simas – O desenvolvimento das enzimas da família Quara, Quara LowP e Quara Boost, ocorreu nos últimos quatro anos, mas o lançamento aqui na região aconteceu no fim do ano passado em função do processo regulatório e de nossa estratégia regional.

BiodieselBR.com – De que forma as enzimas da família Quara avançam sobre as soluções anteriores?

Roberto Simas – A Quara LowP, é um produto para degomagem profunda que tem a aptidão natural para substituir a já consagrada Lecitase Ultra em algumas condições de aplicação. Embora, sejam produtos similares, a Quara tem maior estabilidade o que quer dizer que ela consegue manter sua eficácia mesmo sob condições de temperatura e acidez mais próximas às de uma operação industrial típica. Isso reduz a necessidade de correções de temperatura e pH do óleo bruto, reduzindo os custos operacionais.

BiodieselBR.com – E quanto à Quara Boost?

Roberto Simas – A Quara Boost surge como um complemento de portifólio. Ela nos permite entrar em etapas das quais não participávamos antes, como na degomagem aquosa ou no processo de refino alcalino assistido por enzimas que vem a ser um processo patenteado pela própria Novozymes. Em geral, a Boost converte a goma em diglicerídeos que, juntamente com o óleo neutro recuperado, pode ser vendido como óleo. Ou seja, você tem menos subproduto e mais óleo.

BiodieselBR.com – Para quem esse novo produto está voltado?

Roberto Simas – A Boost atende muito bem clientes que possuem o processo de extração de óleo e fazem a degomagem aquosa, mas também aqueles que fazem o processo de refino químico do óleo com neutralização alcalina. Sabemos que o pré-tratamento para produção de biodiesel é um ponto crucial para o sucesso da operação e por isso trouxemos essa solução que visa a maximização dos lucros do cliente.

BiodieselBR.com – Quais os ganhos potenciais para os fabricantes de óleo?

Roberto Simas – Dependendo da condição da matéria-prima, principalmente teor de fósforo, conceito tecnológico da planta e a rota enzimática selecionada, os ganhos podem ser de até 2,5% de acréscimo em rendimento de óleo. São cerca de 25 quilos de produto acabado para cada tonelada de óleo bruto. Em alguns estudos de caso com clientes observamos ganhos entre US$ 6 e US$ 8 por tonelada de óleo processada. É claro que cada estudo deve ser dimensionado para as peculiaridades do cliente e seus mercados de atuação.

Fábio Rodrigues – BiodieselBR.com