Bañuelos quer abocanhar fatia maior da Vanguarda Agro
O investidor espanhol Enrique Bañuelos já iniciou a articulação para passar a deter o controle da Vanguarda Agro, antiga Brasil Ecodiesel, uma das maiores produtoras de grãos do país.
Segundo apurou a reportagem do Brasil Econômico, a Veremonte, seu braço de investimentos no Brasil, está negociando a aquisição de participação de acionistas minoritários.
O executivo Marcelo Paracchini, presidente da companhia, não informa se a Veremonte já comprou ações em circulação na bolsa. Mas admite que a Bañuelos tem todo interesse em aumentar sua fatia na companhia para impor um modelo "mais moderno e eficiente de gestão".
Hoje , Bañuelos é dono de cerca de 22% das ações da Vanguarda. Os demais detentores de participações relevantes são os empresários Otaviano Pivetta, com 27%, Hélio Seibel e Silvio Tini, cada um com 7% aproximadamente.
Além deles, há outros 25 mil acionistas da Vanguarda em todo o país. Essa pulverização revela que o trabalho de aquisição de ações não é tarefa fácil.
Mas o aumento de participação de Bañuelos deverá ser confirmado quando a Veremonte informar ao mercado que as compras acionárias atingiram pelo menos 5%, uma exigência feita pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o órgão regulador do mercado de capitais.
O movimento de Bañuelos para adquirir ações veio logo depois da decisão de Paracchini de se afastar da presidência do conselho de administração da Vanguarda no final de novembro, seguido pelo conselheiro Antonio Carlos Romanoski.
O afastamento veio a reboque de uma divergência entre a Veremonte e os sócios Pivetta e Seibel sobre a criação de um fundo de terras como forma de reestruturar a dívida da Vanguarda e a expansão dos negócios.
Alternativas
A Veremonte sugeriu a criação de um fundo formado por terras da Vanguarda, que somam R$ 1 bilhão. A Vanguarda venderia os terrenos para o fundo, mas seria dono de 51% das cotas. Os demais 49% seriam distribuídos a investidores no mercado.
A operação levantaria R$ 500 milhões para o caixa da empresa. Segundo Paracchini, o dinheiro poderia ser usado para abater uma parcela da dívida de R$ 600 milhões, que custa R$ 70 milhões de juros por ano.
Com a reestruturação, diz ele, a empresa teria uma dívida mais barata e ainda ficaria com dinheiro em caixa.
"O problema é que a visão do senhor Pivetta é antiga. Ele até entende que a empresa continuaria sendo dona da terra, mas não admite que isso seja feito por meio de um fundo", diz o executivo.
Já a divergência com Seibel - dono da Leo Madeiras, sócio da rede Leroy Merlin e um dos maiores acionistas da Duratex - deve-se ao fato de a Veremonte se tornar a gestora do fundo. Além disso, segundo Paracchini, Seibel se opõe às taxas de 2% de administração e de 20% sobre a performance, sugeridas pela Veremonte.
"A briga de Seibel é porque a Veremonte vai ganhar dinheiro", diz Paracchini. "As taxas são cobradas internacionalmente. E o que a Veremonte vai ganhar ou deixar de ganhar não deveria ser incômodo. O que devemos olhar é qual o benefício que a Vanguarda terá com a operação". Procurados pelo Brasil Econômico, Pivetta e Seibel não retornaram as ligações.
Denise Carvalho