Regulação

Em boletim, MME força ponto de vista contrário ao biodiesel


BiodieselBR.com - 10 fev 2012 - 07:05 - Última atualização em: 27 fev 2012 - 00:15

O Ministério de Minas e Energia (MME) publicou no início da semana o seu Boletim Mensal dos Combustíveis Renováveis exaltando a redução das importações de diesel em função do biodiesel. No entanto o ministério concluiu que se o volume de óleo de soja usado para biodiesel fosse exportado, a Balança Comercial brasileira teria um saldo positivo melhor.

De acordo com os dados do MME, o Brasil deixou de importar 8,2 bilhões de litros de óleo diesel desde o início do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) no final de 2004, com isso deixou-se de gastar cerca de US$ 5,3 bilhões. “Por outro lado, essa quantidade de biodiesel requereu a utilização de, aproximadamente, 40 milhões de toneladas de soja em grão ou 7,4 milhões de toneladas de óleo de soja. Aos preços atuais do óleo de soja exportado pelo Brasil (aprox. US$ 1.150 por tonelada), o País deixou de exportar o equivalente a US$ 8,5 bilhões (ou R$ 15,3 bilhões). Esse valor supera, infelizmente, o saldo positivo oriundo da redução da importação de diesel”, afirma o boletim.

O saldo positivo da balança comercial ficaria assim comprometido, pois “o preço do óleo de soja que seria exportado pelo Brasil é mais alto do que o preço do diesel que deixou de ser importado”.

Segundo o documento, desde 2005 o Brasil importou 38,7 bilhões de litros de óleo diesel mineral. As importações brasileiras cresceram de forma consistente nos últimos anos, com exceção de 2009 quando o país importou menos diesel em função do desaquecimento da economia global, saindo de 2,4 bilhões de litros em 2005 para 9,3 bilhões no ano passado.

A nota termina ressaltando que apesar da conta desfavorável, “esse resultado não exclui as diversas externalidades positivas que o biodiesel possui nos campos social, econômico, ambiental e de saúde humana.”

Os números
As contas do ministério, contudo, têm um furo bastante evidente. Os cálculos consideram apenas os preços atuais do óleo de soja – US$ 1.150 por tonelada – para todo o período analisado. Se usarmos, por exemplo, os valores médios da tonelada do óleo de soja na Bolsa de Chicago durante 2010 – US$ 926,32 pela tabela de cotações da Abiove –, o montante que deixamos de exportar cairia para US$ 6,6 bilhões, o que daria uma diferença de R$ 1,3 bilhão de déficit entre o que se deixou de exportar em óleo de soja e o que se economizou com a importação de diesel, e não R$ 3,2 bilhões como apresentou o MME. Essa conta serve apenas para exemplificar como o resultado varia de acordo com o ano que se pega como referência, e também não mostra a real diferença.

Outro problema na conta apresentada é que se assume que o todo o óleo usado para biodiesel teria sido exportado, quando o mais provável é que a maior parte teria sido exportada na forma de grão. Segundo o MME, esse boletim é usado como referência por vários países que acompanham os biocombustíveis no Brasil.

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