PUBLICIDADE
CREMER2024 CREMER2024
Política

Senado deve antecipar subsídio do diesel em projetos em tramitação


Fábio Rodrigues - 03 fev 2022 - 09:31

O Senado Federal deve incluir a proposta de subsídio do diesel de 2022 nos projetos em tramitação na casa, sem aguardar o governo federal chegar a um acordo com aliados para patrocinar a medida.

A articulação envolve o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD/MG), e o relator dos projetos, Jean Paul Prates (PT/RN) – o PLP 11/20, do ICMS; e o PL 1472/21, do fundo com a taxação de exportações de óleo.

Prates convocou uma coletiva nesta terça (1º).

Jair Bolsonaro (PL) anunciou no início do ano uma PEC para permitir que a redução seja feita sem a necessidade de compensação, mas o próprio governo passou a estudar a possibilidade de patrocinar outro projeto de lei complementar que seria um caminho mais rápido no legislativo.

Assim, o Ministério da Economia espera conseguir evitar o gasto sem compensação de outras fontes. Estimativas internas apontam para um custo de R$ 18 bilhões a R$ 20 bilhões.

A intenção nunca foi editar uma PEC, até para evitar o questionamento sobre a criação de subsídios em ano eleitoral. Mas entregar o texto na mão de um aliado no Senado Federal.

Nesta quarta (2), Bolsonaro fez um apelo ao Congresso Nacional: “peço agora ajuda aos parlamentares aqui. Ninguém vai fazer nenhuma barbaridade, mas quero que emergencialmente me deem os poderes de zerar o imposto do diesel”.

Na Câmara, o presidente Arthur Lira (PP/AL) tem sinalizado que vai atuar pela aprovação do subsídio.

Prates reforça que o subsídio deve ser limitado ao diesel.

“A gente acha que seria demais incluir a gasolina. Nesse caso é um subsídio e tem que ser colocado para a sociedade que é excepcional. Não é e nem deve ser intenção do Estado brasileiro subsidiar o diesel, um combustível fóssil, para sempre”, explicou o líder da minoria.

ICMS e fundo

Hoje, o PLP 11/20 prevê uma reforma do ICMS, por meio de uma gambiarra aprovada na Câmara, onde o projeto original do governo – obrigar os estados a atender uma alternativa constitucional de tributação – foi abandonado.

No lugar, foi aprovada uma mudança na substituição tributária, para criar uma alíquota fixa (ad-rem), com congelamento do ICMS por 12 meses.

O novo substitutivo para o projeto pode incluir gatilhos que seriam acionados de acordo com a variação do preço internacional do petróleo.

A ideia é que seja um mecanismo excepcional que incidiria apenas sobre o diesel pelo impacto na cadeia do frete e dos alimentos.

Na prática, a estratégia pode proteger os governadores, por deixar de fora os tributos estaduais – medida que já foi cogitada pelo presidente da República na PEC e que seria uma provocação aos estados.

Ao permitir que os estados possam reduzir a cobrança do ICMS, o governo jogaria para a plateia a instabilidade fiscal de muitos governos estaduais.

Governadores aliados de Jair Bolsonaro, como Ratinho Júnior (PSD) e Romeu Zema (Novo), tem dito desde o ano passado que estariam abertos a possibilidade de redução de alíquotas ao concordar com o argumento do governo federal de que o ICMS tem grande peso sobre o preço final dos combustíveis

O PLP traria o modelo que já vem sido anunciado pelo relator: alíquota ad rem e monofásica para os combustíveis, com liberdade para que os estados escolham suas alíquotas no Confaz.

A princípio, a monofasia valerá para todos os combustíveis, incluindo o etanol.

O relator admitiu, porém, que há conversas com agentes do setor e que há a possibilidade de retirada do etanol da cobrança monofásica em um segundo momento “se eles quiserem bancar isso”.

“É uma solução ideal? Na minha opinião, não é, mas é um paliativo. […] Sabemos que o governo poderia ter feito isso há mais tempo com canetada e preservando o PPI para o investidor, só que ele não fez”, criticou o senador.

Prates também é relator do projeto que cria um programa de estabilização de preços de combustíveis e altera a política de preços de petróleo (PL 1472/21).

O projeto estabelece uma política de preços para comercialização de combustíveis no mercado interno, que deverão ter como referência as cotações médias do mercado internacional e os custos internos de produção ou de importação.

A arrecadação dos estados atingiu R$ 637 bilhões em 2021, crescimento anual de 22,6%, segundo dados do Estadão/Broadcast. É a alta da arrecadação nominal provocada pela inflação, incluindo de combustíveis e energia.

Para o governo federal, o ICMS é o vilão do aumento dos preços dos combustíveis – daí a vontade de Bolsonaro (PL) de incluir o imposto na PEC que está sendo elaborada pelo governo, para pressionar os governadores.

Para os estados, o congelamento do ICMS desde o fim de 2021, enquanto os preços continuam subindo, prova que a culpa é do governo federal e da política de preços da Petrobras. Jogo de empurra que se arrasta desde 2020.

Larissa Fafá – EPBR