Petrobras oficializa risco de falta de diesel, e conselheiros falam em ‘descaso’ do governo
A Petrobras decidiu enviar um ofício ao governo de Jair Bolsonaro (PL) e formalizou o alerta de que pode haver desabastecimento de diesel no Brasil.
Sinal amarelo
A informação já tinha sido passada ao governo de maneira informal pela estatal. A diretoria da empresa decidiu, no entanto, enviar um ofício ao governo com os dados. Assim, a equipe de Jair Bolsonaro e o presidente não poderão alegar desconhecimento nem jogar a responsabilidade nas costas da companhia caso a crise, de fato, se instale.
Sinal 2
A escassez do combustível é uma das justificativas da empresa para defender a sua venda a preço de mercado. Qualquer alteração na regra, diz, poderá afetar a importação do produto e agravar a situação, que já é delicada.
Lei seca
As bombas ficariam secas justamente no terceiro trimestre, quando a demanda por diesel aumenta sazonalmente no Brasil e nos EUA. A época é a de maior exportação de grãos pelo país. Uma crise poderia afetar o PIB brasileiro.
No planeta
O mundo passa pela mais grave escassez do combustível em 14 anos, por causa da guerra da Rússia contra a Ucrânia. O país de Vladimir Putin, que sofre sanções, é um dos maiores exportadores de petróleo do mundo. Com estoques internacionais em níveis mínimos históricos, refinarias do Golfo dos EUA, que fornecem ao Brasil, por exemplo, começaram a redirecionar cargas para a Europa.
Planeta 2
Conselheiros da Petrobras se dizem perplexos com o fato de o governo Bolsonaro até agora não ter apresentado ao país um plano de emergência para enfrentar uma provável escassez do diesel.
Planeta 3
Eles definem a reação do governo como "descaso". E dizem que já deveriam estar sendo desenhadas propostas de economia do combustível e de priorização de seu fornecimento para alguns setores essenciais –como os de saúde e distribuição de alimentos.
Silêncio
Procurada, a Petrobras não quis se manifestar.