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Leilões de biodiesel

A opinião das usinas sobre o Leilão 28


BiodieselBR.com - 12 nov 2012 - 11:16
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A ANP pegou o mercado todo no contrapé ao colocar no ar o edital do 28º Leilão de Biodiesel no ar no final da tarde do dia 1º de novembro, na véspera do feriadão de Finados.

Não seria nada demais se fosse só mais um leilão normal como tantos outros. Acontece que a agência resolveu aproveitar a ocasião para mudar a periodicidade dos certames de trimestral para bimestral. A última vez que algo assim aconteceu foi em maio de 2008 quando os leilões se tornaram trimestrais (antes eles aconteciam semestralmente).

Ninguém foi avisado da mudança, mas, supreendentemente, o anúncio não causou o frisson esperado. Em geral o mercado avaliou a novidade como positiva, mas também com certa apatia. Houve até quem dissesse que a periodicidade “não faria muita diferença”.

A verdade é que, desde que o MME redesenhou o sistema de comercialização de biodiesel em maio passado, notícias de que algo assim estava para acontecer vinham circulando. Elcio de Angelis, da Cargill, confirma que já tem “algum tempo” que as empresas têm ouvido que o “que o mercado caminhava para esta direção”. “Isso já havia sido dito em eventos públicos pela Petrobras”, conta.

Erasmo Carlos Battistella, diretor presidente da BSBios e presidente do conselho da Aprobio
Esse [o valor dos PMRs] é um assunto sempre discutível. Os produtores sempre vão achar que poderia ser um pouco melhor. Para mim, o maior problema é que os preços foram divulgados muito antes do leilão isso não é benéfico para o setor e a gente até esteve recentemente na ANP conversando sobre isso.

Para mim, a mudança [de trimestral para bimestral] não faz muita diferença porque trabalhamos com a matéria-prima toda hegeada não muda tanto assim fazer hedge de dois ou de três meses.

Carlos Omar Polastri, diretor executivo da Cesbra
Não tem como avaliar se o PMR é justo ou injusto, porque não sabemos qual o critério na formação dos preços. Avaliar somente números seria chover no molhado. Acho um absurdo que hajam coisas que não podem ser divulgadas sobre um mercado gigante de biocombustíveis por uma agência pública que deveria prezar pela transparência.

A mudança nos prazos foi boa, pois nosso risco reduziu em 30 dias. Agora vamos torcer por contratos mensais com negociação direta com os distribuidores – mesmo que com intermediação da Petrobras.

Elcio de Angelis, gerente comercial para biodiesel da Cargill
É prematuro avaliar o impacto, pois temos muitos dias entre o PMR e a data efetiva do leilão e este é um mercado volátil que pode favorecer ou desfavorecer margens. Olhando para os valores de hoje, diríamos que os preços estão basicamente nos mesmos níveis do leilão anterior. É possível que o mercado venha a ter alguma dificuldade em relação à disponibilidade de matéria-prima porque estamos entrando na fase mais crítica do abastecimento de soja em grão. Um atraso na colheita da safra nova interferiria diretamente na disponibilidade de óleo no início do ano de 2013.

Achamos positivo [a mudança de trimestral para bimestral]. Torna-se mais apropriado ao livre mercado, reduz custos de arbitragem e os riscos de erros estratégicos que podem refletir na redução de atividade ou, até mesmo, na operação com margens negativas.

Geraldo Martins, diretor-geral da Fertibom
Para mim a maior surpresa foi ter visto esse edital sair antes da publicação de uma Portaria do MME como sempre aconteceu. Quanto ao PMR, eu achei que está apertado, não é muito diferente dos preços oferecidos no leilão anterior e, no Sudeste, até baixou um pouco. Ainda vamos precisar levar em conta o deságio das usinas.

Um fato positivo foi que a ANP deu uma sinalização sobre as datas de todos os leilões do ano que vem. Dessa forma as empresas podem se programar um pouco melhor e saber quando terão que fazer suas compras de matérias-primas e insumos. Quanto mais planejamento e programação, melhor. Já sobre os leilões bimestrais serem melhores, é cedo para responder isso. Acho que vai ser positivo porque tem menos risco.

Nivaldo Tomazella, diretor industrial da Biopar do Paraná
O PMR mudou muito pouco do leilão passado para esse e o preço do óleo caiu um pouco. Então, desde que a competição não nos obrigue a baixar muito o preço, acho que dá para produzir por esse valor. O problema é que não tem tido muito óleo no mercado.

Garantir preço por três meses inteiros é complicado, então com os leilões bimestrais temos um terço a menos nesse prazo. Além disso, passamos a ter seis vendas por ano contra apenas quatro no modelo trimestral, isso quer dizer que se acontecer algo de errado e ficarmos sem vender num leilão o problema será menor.

Sergio Di Bonaventura, diretor vice-presidente da Araguassu
Os preços máximos de referência nunca acompanharam adequadamente as oscilações dos preços das commodities. Na minha opinião, eles não estão adequados.

Eu achei desnecessária a mudança dos leilões trimestrais para bimestrais. Acho que teremos mais burocracia.

Fábio Rodrigues - BiodieselBR.com