Cientistas cobram uma política sustentável para os biocombustíveis
Elemento central do acalorado debate sobre mudanças climáticas, crise energética e escassez de alimentos, a produção de biocombustíveis tem sido discutida muitas vezes deixando de lado o conceito de sustentabilidade. O alerta é de um grupo internacional de cientistas, em um artigo publicado hoje na revista “Science”.
Para eles, essa emergente indústria, que deve “redesenhar a paisagem da Terra”, necessita ser guiada por uma política que evite ou minimize danos ao meio ambiente.
— A identificação precoce de possíveis ameaças ao meio ambiente é fundamental para que possamos desenvolver estratégias sustentáveis para essa indústria — disse um dos autores do artigo, o pesquisador Jerry Mellilo, do Laboratório de Biologia Marinha, de Massachusetts, EUA.
Nos EUA, critica o documento, a produção de biocombustíveis, feita a partir de milho, encontra-se em alta, com novos incentivos fiscais, sem que isso seja acompanhado por uma política de sustentabilidade.
— Esse documento analisa, por exemplo, as questões em torno da difícil expansão da produção de milho nos Estados Unidos, onde a área cultivada já se encontra no seu limite — conta o secretário de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, José Goldemberg, que também assina o artigo na “Science”. — O que discutimos no documento é como essa produção pode ser incrementada ali, sem influenciar a produção de alimentos e afetar o meio ambiente.
Goldemberg lembra, porém, que esse não é um problema que afete a produção de biocombustíveis no Brasil.
— Diferente dos Estados Unidos, o Brasil ainda apresenta grandes espaços entre as áreas cultivadas. Além disso, para se produzir um litro de biocombustível a partir do milho, gasta-se quase um litro de combustível fóssil, já que o milho, diferentemente da cana de açúcar, não tem bagaço, que usamos como fonte de energia.
Carlos Albuquerque com agências internacionais