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Natureza

Cientistas cobram uma política sustentável para os biocombustíveis


O Globo - 03 out 2008 - 05:01 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:07

Elemento central do acalorado debate sobre mudanças climáticas, crise energética e escassez de alimentos, a produção de biocombustíveis tem sido discutida muitas vezes deixando de lado o conceito de sustentabilidade. O alerta é de um grupo internacional de cientistas, em um artigo publicado hoje na revista “Science”.

Para eles, essa emergente indústria, que deve “redesenhar a paisagem da Terra”, necessita ser guiada por uma política que evite ou minimize danos ao meio ambiente.

— A identificação precoce de possíveis ameaças ao meio ambiente é fundamental para que possamos desenvolver estratégias sustentáveis para essa indústria — disse um dos autores do artigo, o pesquisador Jerry Mellilo, do Laboratório de Biologia Marinha, de Massachusetts, EUA.

Nos EUA, critica o documento, a produção de biocombustíveis, feita a partir de milho, encontra-se em alta, com novos incentivos fiscais, sem que isso seja acompanhado por uma política de sustentabilidade.

— Esse documento analisa, por exemplo, as questões em torno da difícil expansão da produção de milho nos Estados Unidos, onde a área cultivada já se encontra no seu limite — conta o secretário de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, José Goldemberg, que também assina o artigo na “Science”. — O que discutimos no documento é como essa produção pode ser incrementada ali, sem influenciar a produção de alimentos e afetar o meio ambiente.

Goldemberg lembra, porém, que esse não é um problema que afete a produção de biocombustíveis no Brasil.

— Diferente dos Estados Unidos, o Brasil ainda apresenta grandes espaços entre as áreas cultivadas. Além disso, para se produzir um litro de biocombustível a partir do milho, gasta-se quase um litro de combustível fóssil, já que o milho, diferentemente da cana de açúcar, não tem bagaço, que usamos como fonte de energia.

Carlos Albuquerque com agências internacionais