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Soja

Otimismo faz soja subir em Chicago, mas há obstáculos para acordo entre EUA e China


Valor Econômico - 19 nov 2018 - 09:47

Um clima de otimismo, na sexta-feira (16), em relação à possibilidade de um acordo entre EUA e China para encerrar a guerra comercial impulsionou os contratos futuros de soja na bolsa de Chicago. Os papéis do com vencimento em março fecharam a US$ 9,0575 o bushel, com alta de 3,5 centavos de dólar.

No mesmo dia, o presidente americano, Donald Trump, disse que recebeu uma lista da China sobre "coisas que estão dispostos a fazer" para chegar a um acordo, que poderia, entre outras coisas, ajudar na retomada das exportações de soja dos EUA ao país asiático. Mas Trump afirmou também que a lista dos chineses "não é aceitável ainda", um sinal de que não há "evidência sólida" de um acordo, avaliou Don Roose, da trading US Commodities.

E, ontem (18), ficou claro que ainda há muitos obstáculos para os dois países chegarem a uma solução para a disputa comercial. Líderes de 21 países, entre os quais China e EUA, reunidos no fórum de Cooperação Econômica da Ásia-Pacífico (Apec), em Papua Nova Guiné, não conseguiram chegar a uma declaração conjunta, pela primeira vez nos 29 anos de existência do grupo.

A falta de acordo no fórum refletiu principalmente as divergências entre o presidente chinês Xi Jinping e o vice-presidente dos EUA Mike Pence, que se digladiaram sobre comércio e segurança.

A disputa entre EUA e China tem favorecido o Brasil. Com a sobretaxa de 25% incidindo sobre a soja americana, a demanda da chinesa aumentou, o que fez os prêmios pagos nos portos pelo grão brasileiro subirem até 200% em relação a 2017. Neste ano, as exportações brasileiras tendem a bater recorde. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove), os embarques podem chegar a 80 milhões de toneladas, ante 68 milhões no ano passado.

Um eventual acordo entre Washington e Pequim poderia ter efeito imediato negativo para os produtores brasileiros de soja, de acordo com especialistas.

"O fim da guerra comercial teria um efeito, num primeiro momento, negativo sobre a soja. No médio prazo, claro, a oferta e a demanda é que mandam e o mercado se equilibra", afirmou Aurélio Pavinato, presidente da SLC Agrícola, em teleconferência com analistas na semana passada.

Segundo ele, um acordo que eliminasse a sobretaxa chinesa de 25% sobre a soja americana reduziria os prêmios sobre o grão brasileiro e elevaria a cotação em Chicago. Num cenário de oferta crescente nos EUA, as vendas de soja seriam aceleradas.