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Soja

Nova técnica promete acelerar plantio consorciado de soja e pasto


Globo Rural - 03 abr 2024 - 10:36

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) validou um sistema de produção consorciada de forrageira e soja que antecipa a formação de pastagem, sem causar uma queda da produtividade do grão. A tecnologia, chamada de Antecipasto, foi testada em fazendas em Mato Grosso do Sul, com apoio da Fundação Agricultura Sustentável (Agrisus) e da Jarbas Barbosa Agricultura e Pecuária (JBAPec).

No Antecipasto, uma parte do período de plantio da forrageira ocorre em cultivo consorciado na entrelinha da soja. Essa prática pode ajudar os pecuaristas a lidar com a escassez de pasto na estação seca, evitar atrasos no estabelecimento de pastagens e aumentar as chances de sucesso na sua formação. Além disso, os agricultores podem usar essa técnica para abrir novas áreas com sistemas integrados de produção.

O sistema ainda é recomendado para os produtores rurais que já utilizam sistemas de integração lavoura-pecuária (ILP), nos biomas Cerrado e Mata Atlântica, e necessitam de produção de forragem no inverno.

Luís Zago, da Embrapa Agropecuária Oeste, diz que entre o fim dos anos 1990 e início dos 2000, a pesquisa buscou o estabelecimento de forrageiras em consórcio com soja, mas a dificuldade imposta pelo porte da soja, semelhante ao das forrageiras, dificultou o avanço nos estudos, dada a perda de produtividade da oleaginosa ao redor de 12% e a dificuldade no controle de plantas daninhas.

Ele conta que houve outros entraves como a semeadura simultânea da soja e da forrageira, o aumento da profundidade de semeadura da gramínea, a escolha pelos capins marandu e xaraés, e a sobressemeadura da forrageira no fim do ciclo da soja.

“Com o Antecipasto essas dificuldades foram superadas com a defasagem na semeadura do capim em relação à soja, além da utilização de forrageiras de menor porte e com crescimento inicial mais lento”, diz o pesquisador.

Com a tecnologia, as culturas anuais se estabelecem mais rápido que as forrageiras perenes; desse modo, a capacidade de competição do capim em relação à soja, principal cultura, é minimizada.

Uma estratégia para melhorar a competitividade da soja é escolher capins de pequeno porte e lento estabelecimento, como BRS Tamani, Massai e BRS Paiaguás. Nos experimentos, o Panicum maximum cv. BRS Tamani foi o mais adequado, com crescimento interrompido pela sombra da soja e retomado após o amarelecimento e queda das folhas.

O planejamento da semeadura também é crucial, com um intervalo de 14 a 21 dias após a emergência da soja para evitar competição excessiva.