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Dendê / Palma

RSPO estuda padrões mais rígidos para a sustentabilidade da palma


BiodieselBR.com - 07 nov 2012 - 18:52 - Última atualização em: 29 nov -1 - 20:53
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A Roundtable on Sustainable Palm Oil (RSPO) deverá endurecer suas exigências para os produtores de palma-de-óleo que queiram certificar sua produção. Em março de 2013, a entidade deverá concluir os trabalhos de revisão dos critérios utilizados em seu processo de avaliação. Entre as modificações propostas, a que mais vem causando impasse é a que torna mais difícil conseguir o aval da entidade para a abertura de novas áreas.

A RSPO (cujo nome pode ser traduzido como Mesa Redonda sobre a Palma-de-Óleo Sustentável) é um fórum internacional que foi estabelecido em 2004 por um grupo formado por ONGs ambientalistas, grandes grupos econômicos e governos. Seu principal objetivo é estabelecer padrões mínimos de sustentabilidade que os produtores de palma precisam seguir para terem seus produtos certificados.

A negociação de padrões mais estritos pode ser dificultada caso os governos da Malásia e da Indonésia – de longe, os dois principais produtores da commodity – se mostrem reticentes. “Os produtores malaios, indonésios e africanos podem precisar de mais tempo para conversar com seus colegas sobre as propostas”, disse o presidente da entidade Jan Kees Vis em um comunicado de imprensa.

Segundo estimativas da RSPO, a demanda global por óleo de palma deverá dobrar em pouquíssimo tempo – indo dos atuais 50 milhões de toneladas anuais para cerca de 100 milhões de toneladas a partir de 2015. O crescimento explosivo na demanda tem criado preocupações sobre os impactos ambientais que o cultivo em larga escala da palma-de-óleo tem causado, em especial nos países do Sudeste Asiático onde muitas florestas nativas foram suprimidas para dar lugar aos plantios.

“O que estamos querendo dizer [com a proposta de restringir a abertura de novas áreas] é que se o nosso modelo de negócios é de aumentar a produção, que isso ocorra sobre áreas que previamente desmatadas”, defendeu o executivo.

Compromisso
Para conter o problema, diversas empresas globais e governos pensam em tornar a certificação obrigatória. Durante a 10ª Reunião Anual da RSPO – ocorrida em Singapura na semana passada –, as gigantes globais Unilever e WalMart reforçaram seus compromissos de comprar óleo de palma exclusivamente de fornecedores certificados até 2015.

A Unilever é um dos maiores compradores de óleo de palma do mundo. Sozinha a empresa consome em torno de 1,4 milhão de toneladas usadas em produtos alimentícios e cosméticos. A empresa antecipou a meta e atingiu esse ano a marca de ter 100% de seu óleo de fontes sustentáveis. Agora quer avançar para a certificação do tipo “segregada” – a mais exigente dos três tipos oferecidos pela RSPO – até 2020.

Os governos da Holanda e Bélgica estão seguindo o caminho das grandes corporações e também já sinalizaram movimentos similares. Na semana passada foi a vez do Reino Unido anunciar que a certificação seria obrigatória em todas as compras governamentais.

Contudo, a colaboração dos países produtores é fundamental para que a certificação deslanche. A Indonésia criou um sistema próprio de certificação chamado Indonesian Sustainable Palm Oil (ISPO) que levou a associação dos produtores do país asiático a se desfiliar da RSPO cujos critérios são considerados excessivamente rígidos. Como o país produz cerca de 48% do óleo de palma consumido no mundo isso criou uma duplicidade de padrões que dificulta a consolidação de um padrão mundialmente aceito. Hoje, apenas 3 milhões de toneladas dos quase 25 milhões de toneladas são certificadas pela RSPO.

Segundo Vis, tem havido conversas para que as duas certificações sejam convergentes. “Produtores que certificados pela RSPO seriam automaticamente certificados pela Indonésia”, completa.

Fábio Rodrigues – BiodieselBr.com
Com informações: Valor Econômico, Malaysia Chronicle, Jakarta Globe, The Guardian