PUBLICIDADE
CREMER2025_novo CREMER2025_novo
mamona

Bahia sedia o III Congresso Brasileiro de Mamona


Agrosoft - 31 jul 2008 - 05:00 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:06

O Brasil dominou a tecnologia de produção, tem uma das maiores áreas plantadas do mundo e chances de se tornar o maior fornecedor de mamona do planeta. A planta é produtora de matéria-prima para um dos mais nobres e versáteis óleos da indústria e tem potencial para se tornar um dos pilares da matriz agro-energética do país.

Para a Embrapa, entidade que há 22 anos desenvolve estudos com a oleaginosa em apreço, não restam dúvidas sobre a viabilidade da mamona. O desafio será organizar a cadeia produtiva o quanto antes, para aproveitar as oportunidades da conjuntura favorável dentro e fora do país.

Este e outros temas serão tratados no III Congresso Brasileiro de Mamona, que a Embrapa e o Governo da Bahia, através da Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária da Bahia (Seagri) realizarão em Salvador entre os dias 4 e 7 de agosto. A expectativa dos organizadores é de que o evento, cujo tema é "Energia e Ricinoquímica" reúna em torno de 1000 participantes no Bahia Othon Palace Hotel.

MAMONA
Com uma área plantada de 154 mil hectares, o Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking mundial, precedido pela Índia, que tem 850 mil hectares e logo atrás da China, detentora de uma área de 150 mil hectares. Para Chefe Geral da Embrapa Algodão, Napoleão Beltrão, as chances de o Brasil se firmar como maior produtor mundial de mamona crescem a cada ano.

"A China e a Índia tendem a diminuir suas áreas pela necessidade urgente de produzir mais alimentos e pela rápida expansão urbana, que avança sobre as plantações. Isso abre grandes possibilidades para o Brasil", afirma, que tem clima e solos propícios para o cultivo sustentável este euforbiácea, em especial no semi-árido brasileiro, que tem cerca de 4 milhões de hectares com condições de plantio da mamona, com 80% de probabilidade de sucesso, no zoneamento de risco climático do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

O grande desafio para a viabilidade da mamona, segundo Beltrão, é organizar a cadeia produtiva. "Será preciso uma mudança cultural. Estamos falando de cerca de 120 mil produtores familiares que precisam aprender a atuar na economia de mercado. A Embrapa já dominou a tecnologia, mas os governos têm de participar desse processo, ajudando na capacitação dos produtores e no fortalecimento da cadeia produtiva", diz o chefe geral da Embrapa Algodão, que ministrará a palestra "A mamona no Brasil e no Mundo", durante o III Congresso Brasileiro de Mamona.

ZONEAMENTO
Dentro do Brasil, segundo a Embrapa, o Nordeste é a região que pode tirar mais proveito da nova conjuntura para a oleaginosa. O Nordeste tem aproximadamente 4 milhões de hectares com o Zoneamento de Risco Climático para a mamona como foi colocado anteriormente, nos quais estão localizados 180 municípios baianos. A Bahia representa 85% da produção de mamona do Brasil, e o Ceará, Piauí e Norte de Minas Gerais dividem os 15% restantes.

"Se plantar na área zoneada, no tempo certo e com as variedades recomendadas pela Embrapa ou de outras entidades, desde que dentro das recomendações do MAPA e registro no Cadastro de Cultivares, as chances de sucesso são de 80%", atesta Napoleão Beltrão. Ele explica que os custos de produção são da ordem de R$ 600 por hectare no primeiro ano. Como a cultura pode se perenizar por até três anos, dependendo da cultivar e do ambiente, esse valor se dilui nas safras seguintes. Já a remuneração média é de R$ 0,80 por quilo, a depender da época, alem do consorcio, em especial com o feijão, que é realizado pela maioria dos produtores e que representa uma renda adicional dada por este tipo de sistema.

"O mercado de mamona tem muitos produtores e poucos compradores, o que faz com que estes últimos ditem os preços. Se a cadeia estiver organizada, esse problema tende a diminuir, e só o Programa Nacional do Biodiesel tem capacidade de absorver toda a produção", afirma.

ORIGEM
A mamona, planta originária da Etiópia, chegou ao Brasil à época do descobrimento. Na colônia, era usada na lubrificação das engrenagens dos engenhos, dos carros-de-bois, e, como até hoje, na obtenção do "ponto" da rapadura. Em 1936, o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) deu início aos trabalhos de melhoramento genéticos que resultaram hoje principalmente, nas variedades comerciais IAC38, IAC80, IAC226, IAC Campinas, IAC Guarani, dentre outras, e há cerca de 22 anos a Embrapa Algodão, junto com diversos parceiros, entre os quais a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), vem trabalhando com a mamona e já desenvolveu três cultivares de mamona, a BRS Nordestina, a BRS Paraguaçu e a BRS Energia, mais recentemente, além de diversos passos tecnológicos que compõem os diversos sistemas de produção que temos hoje para a região Nordeste, tanto de isolado, quanto consorciado, com amendoim, gergelim, feijão e outras culturas.

ANOTE NA AGENDA
III Congresso Brasileiro de Mamona
De 4 a 7 de agosto de 2008
Salvador - Bahia

Catarina Guedes