Antecipar o Futuro
Com o aumento do
preço do petróleo, e com as normas
ambientais cada vez mais rígidas, a actual
forma de alimentação dos motores de
combustão parece ter os seus dias contados.
Dióxido de carbono (CO2), óxido de
azoto (NOx), hidrocarbonetos não queimados
(HC) e partículas (estas no caso dos Diesel)
são as emissões que poluem a atmosfera.
Não sendo possível eliminá-las
totalmente, pelo menos há que reduzi-las.
A Mercedes tem feito um grande esforço nesse
sentido.
Numa altura em que o cumprimento das normas Euro
IV relativas às emissões poluentes
passou a ser obrigatório desde o passado
dia 1 de Janeiro (nos pesados sê-lo-á
somente a partir de Outubro próximo), as
atenções viram-se, agora, para as
normas Euro V, que deverão entrar em vigor
em 2008 (LEV II, nos EUA). Quanto às normas
Euro VI, as previsões apontam para 2012/2013.
Apesar de terem, ainda, margem de progressão,
os motores de combustão terão de sofrer
diversas alterações par a se tornarem
cada vez mais limpos (uma das soluções
poderia passar, por exemplo, pela adopção
de válvulas el éctricas, o que permitiria
reduzir o atrito). Mas não só. Também
a alimentação deverá sofrer
modificações.
A gasolina e o gasóleo, tal como os conhecemos,
não terão, a priori, futuro muito
risonho se não estiverem receptivos a novas
soluções ambientais. Num seminário
técnico que promoveu na gélida atmosfera
de Estugarda, a marca alemã decidiu antecipar
o futuro, ao dar a conhecer as suas mais recentes
criações: CLK ISG; SunDiesel; E 200
NGT; E 320 BLUETEC; F 600 HYgenius; bionic car.
Passemos, então, à descrição
de cada uma.
CLK ISG
Equipado com motor 5.5 V8 de 388 cv, associado a
caixa automática 7G- Tronic de sete velocidades,
o CLK ISG é um concept que se destaca pelo
![]() |
|
||
![]() |
![]() |
Trata-se de uma solução que permite reduzir os consumos e baixar as emissões poluentes. Montado na cambota, o sistema ISG não se encontra directamente acoplado ao motor de combustão.
A grande vantagem reside no facto de permitir desligar o motor sempre que o veículo pára mais de três segundos, ligando-se assim que é libertado o pedal do travão, quer a alavanca da caixa esteja na posição "D" ou "N". Concebida para o pára-arranca do trânsito citadino, esta solução demonstra como é possível ter um motor de altas performances com consumos e emissões não muito elevados.
SunDiesel
Produzido a partir de biomassa e não de petróleo, o SunDiesel que alimenta o E 320 CDI (3.0 V6 de 224 cv) permite reduzir até 50% as emissões de partículas e diminui em cerca de 20% as emissões de CO2 no tráfego urbano na Europa. Sem implicar qualquer modificação técnica nos actuais motores a gasóleo, o SunDiesel assegura o mesmo rendimento do que o convencional Diesel, mas com emissões muito inferiores.
Por outro lado, é mais eficiente do que o Biodiesel, uma vez que são aproveitados mais resíduos provenientes da agricultura e da floresta e não apenas o óleo que é extraído das sementes das plantas. Desenvolvido pela Choren, em colaboração com a DaimlerChrysler e com a VW, o SunDiesel é o gasóleo menos poluente que existe, estando livre de sulfatos e aromatizantes. O seu processo de produção inicia-se com a transformação de biomassa em estado sólido para gás sintético puro. Mais tarde, este gás é liquefeito, dando origem ao SunDiesel.
E 200 NGT
![]() |
|
||
![]() |
![]() |
O E 200 NGT (Natural Gas Technology), equipado com o motor Kompressor de 1,8 litros com 163 cv, com caixa automática de cinco velocidades, está apto a funcionar com gasolina sem chumbo ou com gás natural comprimido.
Através do computador de bordo, o condutor pode escolher, mesmo em andamento, o tipo de alimentação que pretende para o motor.
Dotado de quatro reservatórios de gás instalados na mala (transportam, no total, 18 kg de gás comprimido a 200 bar), esta solução distingue--se pelo bocal adicional destinado ao abastecimento de gás, pelos injectores específicos localizados em baixo do colector de admissão, pela válvula reguladora de pressão e pela nova gestão electrónica do motor. As performances são iguais, quer o motor utilize gasolina ou gás.
![]() |
|
|
![]() |
![]() |
E 320 BLUETEC
Inovador é, também, o E 320 BLUETEC. Equipado com o motor CDI (3.0 V6 de 224 cv) utilizado na variante SunDiesel, esta solução permite reduzir substancialmente as emissões de óxido de azoto (NOx), graças à utilização de um líquido de cor azul, concebido à base de amónia (o AdBlue, que, na prática, não é mais do que ureia), que se mistura com o gasóleo. Dotado de um reservatório adicional de 22 litros, o E 320 BLUETEC inclui a mesma solução que a Mercedes utiliza há já algum tempo nos veículos pesados.
![]() |
|
|
![]() |
![]() |
Por cada mil quilómetros percorridos é injectado um litro do referido líquido, pelo que aos 22 000 km torna-se necessário visitar uma oficina da marca alemã para o reabastecer. A redução de CO é da responsabilidade do catalisador de oxidação (que o transforma em CO2) e a eliminação das partículas é feita através do filtro de partículas Diesel. A solução BLUETEC tem, no motor Diesel, a mesma função que o catalisador de três vias tem no motor a gasolina. Para além disso, permite cumprir já as normas Euro V relativas às emissões poluentes.
F 600 HYgenius
![]() |
|
|
![]() |
![]() |
É o desenvolvimento mais avançado
da Mercedes no que aos veículos Fuel Cell
diz respeito. Equipado com um motor alimentado por
hidrogénio, com 115 cv e 350 Nm, as células
de combustível recorrem à reacção
química entre o hidrogénio e o oxigénio
para gerar energia eléctrica no concept HYgenius,
beneficiando, ainda, de uma alimentação
adicional da energia armazenada numa bateria de
iões de lítio (Li-ion). Nas manobras
de estacionamento, o motor eléctrico é
alimentado apenas pela bateria. Em aceleração,
é alimentado pela célula de combustível
e pela bateria. Em travagem, actua como gerador,
transformando a energia cinética das rodas
em energia eléctrica, que é armazenada
na bateria.
Emissões poluentes, simplesmente, não
existem. O consumo é de apenas 2,9 l/100
km. A autonomia é de 400 km. Para além
do design arrojado, o HYgenius inclui um curioso
conceito de versatilidade, câmaras de vídeo
e um inovador mecanismo de abertura das portas.
bionic car
Com uma estrutura leve em aço, inspirada
no esqueleto de um colorido peixe que habita nos
corais dos mares tropicais (cujo nome da espécie
é, em latim, Ostracion Meleagris), o bionic
car é um arrojado protótipo equipado
com um motor a gasóleo CDI de 2,0 litros
com 140 cv de potência, acoplado a caixa automática
de variação contínua. O coeficiente
de penetração aerodinâmica de
apenas 0,19 foi conseguido à custa da elaboração
da carroçaria: rodas cobertas; ausência
de retrovisores; traseira em forma de gota de água;
perfil fluido.
O consumo de combustível é 20% inferior
e as emissões de Azoto são até
80% mais baixas face a um modelo convencional. Equipado
com um reservatório adicional alojado na
mala, projectado para 15 000 km, o bionic car, exemplo
perfeito de como tecnologia e biologia podem andar
de mãos dadas, utiliza, também, o
líquido AdBlue, que é pulverizado
para dentro do sistema de escape. A tecnologia LED,
as câmaras de vídeo, os puxadores das
portas eléctricos e as luzes em posição
elevada são alguns dos seus atributos.
Por Bruno Castanheira Fotos Mercedes-Benz