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UE mantém aposta nos biocombustíveis apesar da controvérsia


AFP - 13 mar 2008 - 11:22 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:06

A comissária europeia para a Agricultura, Mariann Fischer Boel, garantiu hoje que a União Europeia vai manter a aposta nos biocombustíveis, mesmo que o aumento dos preços dos cereais e a desflorestação tenham “queimado” a imagem “verde” destes combustíveis.

Decorre hoje e amanhã em Bruxelas uma cimeira de chefes de Estado ou de Governo da União Europeia (UE) para encontrar o melhor caminho para o cumprimento da meta de redução das emissões de gases com efeito de estufa (GEE, sigla em inglês) em 20 por cento até 2020.

Vários estudos científicos demonstraram que o recurso aos cereais para produzir combustíveis pode contribuir para o aumento dos preços dos alimentos, para a desflorestação, à perda de biodiversidade e à deslocação de populações nos países pobres.

Na semana passada, a directora do Programa Alimentar Mundial, Josette Sheeran, apelou aos eurodeputados para que estejam atentos à porção de terrenos “desviados da cadeia alimentar”, o que penaliza os mais desfavorecidos.

Os combustíveis de origem vegetal (biodiesel e etanol) constituem uma alternativa para reduzir as emissões poluentes e a dependência dos europeus em relação ao petróleo, alegam os seus defensores.

“Devemos diversificar as nossas fontes de combustíveis” porque “a escassez é um perigo real”, lembrou a comissária Boel. “Não utilizem os biocombustíveis como bodes expiatórios para explicar os movimentos dos preços dos géneros alimentares”, preveniu a comissária, salientando a forte procura nos países emergentes como a China e as más colheitas ligadas à meteorologia na Europa e na Austrália.

Dirk Carrez, um dos responsáveis da associação europeia de bioindústrias EuropaBio, lembrou que os preços dos géneros alimentares brutos não explodiram, mas que o aumento do petróleo teve uma influência nos custos da sua transformação e transporte.

Carrez acredita que o debate actual não deve desincentivar as investigações sobre os biocombustíveis de segunda geração, como resíduos agrícolas não alimentares (caso da palha). “Devemos investir rapidamente na inovação e passar o mais depressa possível à próxima geração”, insistiu.

Há um ano, os países da União Europeia decidiram obrigar os europeus a utilizar dez por cento de biocombustíveis no seu consumo total de combustíveis até 2020.

“A política escolhida deve ter em conta estudos científicos”, comentou o eurodeputado Verde Claude Turmes, relator parlamentar deste dossier. “É preciso definir um método e critérios para orientar os investimentos”. De acordo com o seu projecto, Bruxelas estipula que os biocombustíveis não deverão ser produzidos com matérias-primas vindas de florestas virgens ou de zonas naturais protegidas. Os biocombustíveis demasiado poluentes deverão ser descartados.