RN produzirá biodiesel em larga escala
O projeto de ampliação das duas unidades de produção de biodiesel da Petrobras no Rio Grande do Norte ganhou novo fôlego. O presidente da Petrobras Biocombustíveis, Alan Kardec Pinto, anunciou ontem, durante o Rio Oil & Gas, no Rio de Janeiro, que pretende retomar o diálogo com o governo sobre a possibilidade de tornar o parque de Guamaré, que hoje é experimental, em unidade de produção em larga escala, já no próximo mês. As duas plantas têm, hoje, capacidade para produzir 20 milhões de litros de biodiesel por ano. Conforme definiu Kardec, é provável que ele venha ao Rio Grande do Norte ainda em outubro conversar com a governadora Wilma de Faria e o secretário de Energia e Relações Internacionais, Jean-Paul Prates.
“Queremos encontrar um caminho para aquelas duas unidades do RN. Vamos conversar para podermos desenhar possibilidades, levando em consideração o mercado do estado. Conversamos com o Jean-Paul Prates no início do mês e nós ficamos de voltar a conversar agora em outubro. Vamos estudar o que fazer com aquela planta de biodiesel para torná-la industrial”, garantiu o presidente. A Petrobras investiu cerca de R$ 20 milhões no projeto de construção da planta, que usa como insumos a soja e a mamona e começou a operar de forma piloto em 2005. Cerca de quatro mil famílias trabalham em sistema de agricultura familiar para suprir a demanda das duas unidades.
Durante a coletiva de imprensa que concedeu ontem no evento, Kardec explicou o papel da Petrobras Biocombustíveis, fundada em julho, com o propósito de ser o braço produtor de biodiesel e etanol da holding, além de responsável pela geração de energia elétrica dentro do projeto dos complexos bioenergéticos. No entanto, no que diz respeito à logística e comercialização, tanto no mercado interno quanto externo, será de responsabilidade da Petrobras conduzir.
A meta da empresa, dentro do plano de negócios 2008-2012, é ser líder em produção de biodiesel no Brasil, detendo em torno de 40% do combustível limpo que vier a ser consumido no país. A estimativa da Petrobras é chegar a 938 milhões de litros daqui a quatro anos, mas como a estatal passa por uma fase de mudanças em que revê o planejamento estratégico, esse número pode ser alterado. Trabalhando com ativos próprios, o grupo inaugurou recentemente duas usinas de biodiesel – uma em Candeias (BA) e outra em Quixadá (CE), que possuem, juntas, capacidade de produção de 114 milhões de litros por ano – e inaugura no próximo mês a unidade de Montes Claros (MG), com capacidade de 57 milhões de litros anuais.
Os planos da companhia são audaciosos. Encontra-se em estudo uma unidade de biodiesel premium, que seria capaz de produzir 300 mil metros cúbicos do combustível alternativo. Segundo Kardec, a intenção do projeto é trabalhar com matérias-primas como o dendê e o girassol, o que apontaria para a possibilidade de a usina ser instalada na Bahia. “Não está confirmado nada na Bahia. Mas eu também não excluo a possibilidade”, desconversou. A previsão da Petrobras Biocombustíveis é que a unidade esteja pronta entre 2011 e 2012.
De acordo com Kardec, 55 mil famílias trabalham em regime de agricultura familiar na produção de biodiesel do país, sendo 29 mil situadas na Bahia. Na região Nordeste, explica o presidente, o sistema agrícola precisa atingir 50% para a empresa conseguir o chamado selo social. Nas duas unidades recém-inauguradas, Quixadá e Candeias, o selo já está garantido para este ano. “A missão principal é viabilizar a cadeia produtiva. Como não podemos manter contato direto com essas 55 mil famílias, a idéia é formar parcerias com cooperativas, associações, sindicatos para organizar a produção, a logística e o treinamento”, acrescenta. A previsão é que as três unidades, incluindo a de Montes Claros, tenham capacidade para gerar 171 milhões de litros de biodiesel por ano.
Louise Aguiar, enviada especial ao Rio de Janeiro