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Paraná avança em pesquisas com biodiesel e motor elétrico veicular


AEN - 17 ago 2010 - 06:25 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:14

Atingir a sustentabilidade ambiental por meio da diminuição da emissão de poluentes atmosféricos é uma das razões para que duas conceituadas instituições de pesquisa - como o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) e o Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec) - passassem a concentrar esforços e investimentos em dois importantes programas de pesquisa em energia veicular. Tais esforços, de acordo com o governador Orlando Pessuti, estão norteados nos princípios da sustentabilidade, da proatividade e da transversalidade, proporcionando o desenvolvimento, a preservação e a conservação das riquezas do Paraná, garantindo a qualidade de vida para as futuras gerações.

O Tecpar avança nas pesquisas com biocombustíveis – alternativas menos poluentes que têm como base matérias-primas presentes na natureza – e na disseminação de informações técnicas sobre biodiesel, os principais objetivos dos trabalhos desenvolvidos pelo Centro Brasileiro de Referência em Biocombustíveis (Cerbio), unidade vinculada ao Tecpar, em Curitiba, e credenciada pela Agência Nacional de Petróleo (ANP).

Esse trabalho do Tecpar – cuja contribuição do Lactec se dá por meio da realização de ensaios de emissões conforme a NBR 15.634 em motor 4 cilindros a diesel, utilizando diversas misturas de diesel com biodiesel (B2, B5, B20, B50 e B100) e diversos tipos de biodiesel oriundos de várias oleaginosas – está inserido no Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel.

Por sua vez, o Lactec tem importante participação em outro projeto de energia veicular: o do carro elétrico, coordenado pela Itaipu Binacional e que tem parceiras como a Copel, Eletrobrás, CPFL e outras concessionárias de energia.

De acordo com o secretário de Estado Nildo Lübke, da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, em alguns projetos o Lactec e o Tecpar atuam de forma complementar. “Nossa intenção é somar esforços, direcionando recursos para essas ações que buscam alternativas de energia menos poluentes por meio da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná”.

PESQUISAS DO TECPAR COM BIOCOMBUSTÍVEIS - O controle de qualidade do biodiesel de soja fornecido pela BS Bios para utilização nos veículos da Scania e Volvo que fazem a chamada linha verde da cidade de Curitiba; a busca por alternativas de uso da glicerina; e o projeto de utilização do óleo do amendoim, desenvolvido em parceria com a Embrapa da Paraíba, são algumas das ações do Cerbio / Tecpar, que se prepara para receber a acreditação ISO 17.025 para ensaios de biodiesel e diesel – uma exigência da ANP a partir de 2013.

Para a realização dos ensaios físico-químicos necessários para as pesquisas foi construída na sede do instituto, na Cidade Industrial de Curitiba, uma planta-piloto semi-industrial de biodiesel. “A planta é flexível, pode usar tanto metanol quanto etanol e, futuramente, poderá também utilizar, na produção de biodiesel, diferentes tipos de óleos, e o mais importante é que, para o seu funcionamento, a energia e o calor utilizados são provenientes de seu próprio trabalho”, destaca Luiz Fernando de Oliveira Ribas, diretor-presidente do Tecpar.

Entre os projetos de iniciação científica desenvolvidos por técnicos do Cerbio estão a caracterização de óleos vegetais extraídos mecanicamente sob condições variadas; o estudo da produção de biodiesel feita a partir de matérias-primas alternativas que apresentam potencial para o Estado do Paraná; o estudo das propriedades fluidodinâmicas de óleos vegetais e biodiesel para uso em motores; o estudo de caracterização e tratamento do efluente gerado na produção de biodiesel e uso de hidróxidos duplos lamenares (HDL) na produção de biodiesel a partir de óleos vegetais.

O Cerbio oferece ainda a técnicos, pesquisadores e estudantes serviços de consultoria e treinamentos, além de destinar a universidades brasileiras parte do biocombustível e glicerina obtidos durante as pesquisas.

PROGRAMA TRATOR SOLIDÁRIO - O Tecpar participa também do Programa Trator Solidário do governo estadual, no qual técnicos do instituto realizam, desde 2008, testes com óleo vegetal e diesel em dois tratores cedidos pela Case New Holland. As pesquisas, que têm como principal objetivo verificar o funcionamento das máquinas com combustíveis alternativos desenvolvidos com matérias-primas que estejam ao alcance dos agricultores, estão sendo realizadas em tratores semelhantes aos do programa, que já entregou mais de quatro mil tratores a agricultores familiares do Paraná desde seu lançamento, em 2007.

Toda a pesquisa, que deve ser completada até o final de 2010, está sendo realizada em parceria com o Centro Paranaense de Referência em Agroecologia (CPRA) e a Case New Holand. “Nós fazemos os testes, mas depois caberá à empresa a implantação do combustível nas máquinas, se assim julgar útil”, ressalta o engenheiro mecânico José Carlos Laurindo, do Tecpar.

TECNOLOGIA DO LACTEC NO CARRO ELÉTRICO - No final de maio, o diretor superintendente do Lactec, Newton Pohl Ribas, e o pesquisador Patrício Impinnisi participaram, a convite do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de reunião em Brasília para tratar sobre o veículo elétrico. Nos próximos dias, será lançado um programa do governo federal para apoio à produção de veículos elétricos no Brasil. Isso se dará através de incentivos fiscais e financeiros e também por meio de apoio a Centros Especialistas de P&D e Inovação do Veículo Elétrico. O mercado brasileiro é sólido, possui 19 montadoras de automóveis, hoje é o 4º maior consumidor e 5º maior produtor de veículos do mundo.

O Lactec estuda o funcionamento das baterias, acessórios elétricos, eletrônicos e mecânicos do veículo e a autonomia das células de armazenamento de eletricidade dos carros, além de atuar no desenvolvimento de eletropostos. O Lactec também coordena a Rede de Tecnologias para Veículos Elétricos do Sistema Brasileiro de Tecnologia, programa do governo federal que incentiva o desenvolvimento de inovações tecnológicas em diversos setores da economia.

“O Lactec atua em uma área de inovação tecnológica estratégica para o sucesso deste projeto, que é a de baterias, uma especialidade do Instituto. O armazenamento de energia para que o veículo possa circular é de fundamental importância e os estudos estão avançados com resultados positivos”, diz Newton Pohl Ribas. O Lactec também desenvolve um cartão pré-pago para abastecimento nos eletropostos, baseado nos similares utilizados para pagamento de energia e gás.

ANÁLISE DE EMISSÕES EM MOTOCICLETAS - O Laboratório de Ensaios de Emissões em Motocicletas do Lactec foi inaugurado em dezembro de 2009 e foi financiado pela Petrobras, com investimentos de R$ 4,62 milhões. Localizado em Curitiba, o laboratório faz a avaliação de emissão de poluentes por motocicletas, controla a qualidade dos motores, que deverão se adequar às determinações da nova lei federal sobre redução de poluentes, além de possibilitar o desenvolvimento de novos combustíveis. Este é o primeiro laboratório do País a realizar estudos independentes sobre poluição por motocicletas – há outros quatro, sendo três em Manaus (AM) e um em Campinas (SP), mas de fabricantes de motores.

O laboratório tem capacidade para realizar 20 ensaios por dia, de 20 gases diferentes, como monóxido e dióxido de carbono e pretende dar suporte às empresas no desenvolvimento de motores e auxiliá-las a adequarem os atuais à nova legislação.

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) publicou a resolução n.º 297, de 26 de fevereiro de 2002, estabelecendo limites para emissões de gases poluentes por motociclos e veículos similares. Os novos modelos devem ser adotados a partir de 2010. O pesquisador do Lactec e coordenador da implantação do laboratório, Renato Penteado informou que "em 2007, por exemplo, uma moto poluía sete vezes mais que um automóvel, além de os limites de emissão serem diferentes. Estes limites estão mudando", comentou.

Segundo Penteado, a principal mudança imposta pela lei diz que as motocicletas devem usar catalisadores, como os já adotados em automóveis. "O gás passa por estes catalisadores, que reduzem a poluição em até 15 vezes", disse o pesquisador. Dessa forma, os motores brasileiros também poderão atender às exigências internacionais, fomentando a exportação com a União Européia e Estados Unidos, por exemplo, onde a legislação é mais rígida.

O trabalho do laboratório, diz Penteado, é feito visando reduzir o consumo de energia e diminuir a emissão de poluentes, além de tornar os testes com motores mais rápidos e baratos. "As indústrias são obrigadas a testar um percentual de sua produção, mas não têm onde fazer as análises porque há no Brasil apenas quatro laboratórios, de fabricantes de motores. Sendo assim, as onze empresas fabricantes que não possuem laboratórios fazem as avaliações no exterior, como China, Japão e Coréia", explicou Penteado, ao destacar que o laboratório traz o diferencial de incentivar o desenvolvimento acadêmico, com projetos de mestrado e doutorado, diferentemente dos laboratórios das empresas fabricantes.

É expressiva a evolução da venda de motos no Brasil, como pode ser observado em dados extraídos da Abraciclo. Um crescimento sustentado da ordem de 13% ao ano, desde 2000, quando foram produzidos 4,03 milhões de veículos, e hoje chega a 13,7 milhões. O número de fabricantes de motocicletas no país também está em crescimento, sendo que há 11 fabricantes em atuação no país e outros 10 estão com projetos aprovados.

LABORATÓRIO DE EMISSÕES VEICULARES - O Laboratório de Emissões Veiculares do Lactec (Leme) atua na pesquisa e desenvolvimento de motores de combustão, avaliação de combustíveis e componentes automotivos e análise da qualidade de emissões de gases. Os serviços do laboratório atendem fabricantes de veículos e autopeças, institutos de pesquisa, universidades e órgãos ambientais.

O laboratório realiza ensaios para homologação de novos modelos de veículos nacionais e importados quanto à emissão de poluentes, quantificadas e comparadas aos limites máximos estabelecidos por normas federais. Recebeu investimentos de R$ 9 milhões em tecnologia, o que vem impulsionando o desenvolvimento do setor automotivo e a pesquisa em meio ambiente no Paraná.

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