PUBLICIDADE
CREMER2025_novo CREMER2025_novo
Em Foco

Biodiesel vira nicho de negócios em Sertãozinho


A Cidade - Ribeirão Preto - 25 fev 2008 - 06:24 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

As fábricas de biodiesel formam um novo nicho de negócios para as empresas de Sertãozinho que atendem o setor sucroalcooleiro. A cidade possui cerca de 500 dessas empresas, que fornecem serviços de engenharia, de informática, peças e equipamentos, mas que não querem depender apenas das fábricas de açúcar e de álcool.

Diretamente, elas participaram da implantação das 29 usinas e destilarias que entram em funcionamento neste ano nos Estados da região Centro-Sul do país. Mas a expansão deve terminar e, nesse caso, os fornecedores de Sertãozinho teriam problemas.

Similaridades
“O setor já viveu duas depressões nas últimas décadas e aprendeu a investir na diversificação”, diz Flávio Vicari, diretor administrativo do Ceise BR, entidade representativa do pólo de empresas de Sertãozinho.

Durante as crises, muitas das fornecedoras passaram também a prestar serviços para os setores citrícola e hoteleiro, que utilizam equipamentos similares aos de usinas e destilarias.

Agora o foco é o biodiesel. Por força de lei federal, esse biocombustível já é aplicado na proporção de 2% ao óleo diesel em circulação no país. Existe muita produção quase artesanal, mas as grandes fábricas, com capacidade de 300 mil litros por dia, se resumem atualmente a oito em todo o território nacional.

Ocorre que, também devido a legislação, o biodiesel chegará a ser adicionado na proporção de 20% ao diesel em 2012. Essa adição até pode crescer ou ser antecipada, e necessariamente exigirá mais plantas industriais.

Além disso, existe um mercado bem promissor em torno desse biocombustível: as companhias frotistas, interessadas em adotar o biodiesel como combustível 100% de seus caminhões, ou mesmo fazer ele chegar diretamente ao consumidor final, cujos veículos são movidos a diesel.

“65% das empresas de Sertãozinho têm similaridades com as peças, equipamentos e serviços empregadas no setor de biodiesel”, afirma Vicari. “E a vantagem de nossos empresários é que eles já têm a cultura de flexibilidade e adaptação”.

Segundo o diretor do Ceise BR, muitos dos equipamentos industriais e mesmo as equipes de operários empregados nas fábricas de álcool podem ser direcionados sem qualquer alteração para o setor de biodiesel.

O interesse de empresários do biocombustível por Sertãozinho já está na prática. Na última quarta-feira, dia 20, representantes do Ceise BR recepcionaram comitiva de americanos que querem contratar serviços na cidade para implantar uma usina de biodiesel. Foi a primeira de uma série de negociações já agendada em empresas da cidade.

Tecnologia nacional evita pagar royalties
O mercado de biodiesel só tende a crescer, mas, para favorecer o Brasil, precisa ter tecnologia nacional. As fábricas em atividade utilizam os sistemas americanos ou europeus, e precisam pagar royalties que variam entre 3% a 5% do valor total do investimento.

A JW, especializada em equipamentos em aço inoxidável de Sertãozinho, já oferece serviços para os fabricantes de biodiesel. Mas, em parceria com a empresa BSeng, entrou no mercado com tecnologia nacional.

“Nosso sistema pode usar etanol (álcool de cana) ou metanol (derivado de petróleo) como reagente”, diz Hubertt Elias, diretor comercial da JW.

Negociação
Segundo Elias, sua empresa já negocia com dois grupos que têm projetos para implantação de fábricas de biodiesel no país.

“Não precisamos alterar em nada nosso perfil operacional porque o biodiesel é bem similar aos sistemas de álcool”, afirma o executivo.

Com 380 funcionários e 200 clientes no setor sucroalcooleiro, a empresa começa, agora, a migrar para o biodiesel.

Delcy Mac Cruz