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Assentamento do MS inaugura usina de biodiesel


MDA - 02 nov 2007 - 15:31 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

A primeira usina para produção de biodiesel em áreas da reforma agrária em Mato Grosso do Sul será lançada neste domingo (4), às 8h, no Salão Paroquial do Projeto de Assentamento (PA) Nova Querência, no município de Terenos, a 30 quilômetros da capital, Campo Grande.

O empreendimento é uma iniciativa da Associação dos Agricultores e Agricultoras do Município de Terenos (Assafra), que buscou parcerias para torná-la realidade. Há dois anos, eles montaram o equipamento, mas faltava local adequado e recursos para fazê-lo funcionar.

O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) cedeu uma área de 12,9 hectares, enquanto o Programa de Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS), do Banco do Brasil, financiou R$ 96 mil para construir o barracão onde os equipamentos serão instalados.

Assim que estiver funcionando, a usina irá gerar dois mil litros de óleo diários. Tomando por base o preço médio atual, de R$ 1,50 por litro, o projeto tem capacidade para render até R$ 3 mil brutos a cada dia.

Na visão dos assentados, o escoamento não deve ser problema. Eles contam com a facilidade do Selo Combustível Social, conferido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Com o selo, o Governo Federal concede incentivos fiscais aos fabricantes de biocombustíveis que comprarem matéria-prima prioritariamente de agricultores familiares e assentados.

Nova Querência

Atentos às oportunidades, os moradores do PA Nova Querência não se acomodaram e organizaram-se para atuar em diversos pontos da cadeia produtiva. Na próxima safra, eles irão cultivar 300 hectares de amendoim, provavelmente consorciado ao pinhão-manso – as duas culturas são utilizadas como matéria-prima na produção do biodiesel. Tudo isso com financiamento do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

O rendimento inicial esperado é de dois mil quilos por hectare. Mas, a partir do segundo ano, a produtividade deve aumentar para três toneladas por hectare. Da mesma forma, a tendência é elevar a área plantada para mil hectares e incorporar outras espécies oleaginosas, como girassol. A previsão é de que as 85 famílias do PA sejam integradas de alguma forma ao processo.

Todos esses dados foram anotados e calculados pela diretoria da Assafra ao longo de quase quatro anos. “Foram exatos 1.398 dias trabalhando no projeto, estudando as melhores alternativas de culturas e buscando parceiros que acreditassem na idéia”, conta o presidente da Assafra e idealizador do projeto, Francisco Hélio da Silva.

Ele faz questão de buscar nos meios acadêmicos o conceito de desenvolvimento rural sustentável, que usa para justificar a iniciativa: “Nós, os assentados, pensamos e fomos buscar os parceiros que acreditaram na nossa idéia”.

Renda e capacitação

A produção de biodiesel é a primeira de uma série de ações idealizadas pela Assafra para gerar renda no PA Nova Querência. Também estão previstas uma agroindústria de processamento de mandioca, marcenaria para fabricar caixas de abelhas e indústria para produzir ração a partir dos resíduos da mandioca e biodiesel.

Durante o evento do próximo domingo, será entregue uma patrulha mecanizada completa. Dessa forma, a comunidade terá maquinário próprio para produzir as oleaginosas que irão movimentar a usina de óleo combustível. “Teremos de aprender a trabalharmos juntos”, antecipa o presidente da associação.

A intenção é levar profissionalismo à gestão dos empreendimentos. Vinte pessoas estão inscritas em cursos de Administração de Empresas e de Cooperativismo oferecidos pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).

Até o próximo ano, a Assafra será transformada em cooperativa, superando os limitantes impostos às associações para atuarem na comercialização de produtos. Para isso, criou um projeto de inclusão digital, em parceria com o Banco do Brasil, que cedeu oito computadores à entidade.