Argentina deve ampliar exportações de biodiesel para UE
A Argentina exportou grandes volumes de biodiesel a preços baixos para a União Européia em 2007, e as vendas do país sul-americano devem crescer neste ano, afirmou o presidente do Conselho Europeu de Biodiesel (EBB, na sigla em inglês).
Bernard Nicol, que também é presidente da produtora de biodiesel francesa Diester Industrie, afirmou que cerca de 300 mil toneladas de biodiesel argentino foi exportado no ano passado. Cerca de 75% desse volume teve como destino os Estados Unidos, e o restante foi direcionado para a UE.
As exportações argentinas foram impulsionadas por taxas preferenciais para as vendas externas de biodiesel, de 5%, contra uma tarifa de 30% para óleos comestíveis, disse ele.
"A diferença entre as tarifas de exportação favorece muito as exportações (de biodiesel)", disse Nicol ao Reuters Global Summit de Agricultura e Biocombustíveis.
Os produtores de biodiesel em muitos países da Europa estiveram sob pressão em 2007, devido a exportações de biodiesel barato e pesadamente subsidiado dos Estados Unidos.
Pelas leis norte-americanas, o biodiesel, que em sua maioria é feito de óleo de soja, pode ser subsidiado em até US$ 264 por metro cúbico, ou cerca de 200 euros por tonelada, quando misturado ao diesel mineral, segundo a EBB.
Essa mistura pode então ser exportada para os 27 países integrantes do bloco europeu, onde ela é qualificada para esquemas de subsídios, o que significa que produtores dos EUA podem embolsar duas vezes pelos subsídios - em casa e na UE.
"Se além disso eles (exportadores argentinos) enviarem atrás dos EUA... então é claro que chega a preços muito baixos", disse ele.
O EBB apresentou uma reclamação sobre dumping e subsídios à Comissão Européia no mês passado, e Nicol disse estar confiante de que a UE adote tarifas compensatórias sobre as importações de biodiesel dos EUA, mesmo que leve algum tempo.
Nicol também afirmou acreditar que as importações de biodiesel argentino pela UE vão subir em 2008.
"Vai continuar a aumentar no ano que vem e o biodiesel argentino certamente ultrapassará o B99 dos EUA nos próximos 18 meses, disse ele, explicando que isso mudaria a relação de preço entre o óleo de soja e outros óleos.
"O óleo de soja hoje é mais barato, mas é claro que se for usado em países exportadores como Argentina, Brasil e EUA para produção de biodiesel, não haverá oferta suficiente para a exportação de óleo de soja e os preços terão a tendência de subir de novo", afirmou.